Título: Em maio, saída de US$ 1,282 bilhão
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 26/05/2010, Economia, p. 25

Só na semana passada, fluxo financeiro ficou negativo em US$ 2,063 bi

Os investidores estrangeiros aceleraram a retirada de recursos do mercado brasileiro na semana passada.

Segundo o Banco Central (BC), entre os dias 1º e 21, o fluxo cambial movimento de capital externo no país estava positivo em US$ 1,522 bilhão, graças principalmente aos recursos do comércio exterior. A conta financeira (que mostra os investimentos produtivos e os recursos destinados a ações, títulos e outros) estava negativa em US$ 1,282 bilhão, com vendas de US$ 16,572 bilhões e compras de US$ 15,290 bilhões.

Só da Bovespa, até o dia 21, os estrangeiros haviam retirado R$ 2,076 bilhões das aplicações em ações, afetados pela crise internacional.

Nas duas primeiras semanas de maio, porém, a conta financeira registrava entrada líquida de US$ 781 milhões. Isso significa que, só na semana passada, deixaram o país US$ 2,063 bilhões em recursos financeiros.

Já a conta comercial melhorou no período, segundo o BC. Até o fim da semana passada, acumulava superávit de US$ 2,804 bilhões, com exportações de US$ 11,610 bilhões e importações de US$ 8,806 bilhões. Até o dia 15, essa conta tinha saldo positivo de apenas US$ 1,955 bilhão, indicando que os exportadores aceleraram a internalização de recursos aproveitando a alta do dólar frente ao real.

O BC informou ontem que, nas três primeiras semanas de maio, comprou US$ 4,062 bilhões no mercado de câmbio à vista, acima da entrada de recursos no período, de apenas US$ 1,522 bilhão. Na última semana, porém, a autoridade monetária reduziu a intensidade de intervenções no mercado de dólar, adquirindo apenas US$ 208 milhões. Entre os dias 1oe 15, o BC havia comprado US$ 3,854 bilhões. A posição cambial dos bancos, no dia 21 passado, era de US$ 3,185 bilhões vendidos, ou seja, com aposta na queda do dólar.

OCDE alerta emergentes sobre risco de aquecimento Em relatório que será divulgado hoje em Paris, a Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Econômica (OCDE) alerta que os riscos para a recuperação global podem ser ainda maiores hoje. A OCDE está preocupada com a rapidez e a magnitude dos fluxos de capital que vão para mercados emergentes e com a instabilidade dos mercados de dívidas soberanas.

Para a organização, o Brasil deve retirar rapidamente os estímulos econômicos que introduziu no auge da crise financeira mundial. A OCDE alerta que o superaquecimento da economia dos emergentes é um sério risco e defende um aperto da política monetária, sobretudo em China e Índia, para conter a inflação e o risco de uma bolha nas bolsas.

A OCDE, que prevê uma expansão de 6,5% no Brasil este ano, alerta para o risco de contágio, com a crise do euro podendo afetar os emergentes.

Pier Carlo Padoan, economistachefe da OCDE, disse ao GLOBO que a economia brasileira está forte. Mas, segundo ele, é hora de abandonar os estímulos fiscais: É preciso manter a inflação sob controle. É melhor sair agora do que mais tarde, até porque a perspectiva de crescimento é forte.