Título: PF abre inquérito para investigar Tuma Jr.
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Fonte: O Globo, 26/05/2010, O País, p. 14

Barreto deve conversar com secretário nacional de Justiça nos próximos dias

A Polícia Federal instaurou ontem, em Brasília, inquérito para apurar indícios de crimes contra a administração pública supostamente cometidos pelo secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr. A Controladoria Geral da União (CGU) e a Comissão de Ética Pública da Presidência também investigam o secretário, suspeito de envolvimento com o chinês Li Kwok Kwen, o Paulo Li, e preso por contrabando, em 2009, pela PF de São Paulo.

Com a abertura do inquérito, aumenta a pressão para que Tuma Jr. saia do governo. Nos próximos dias, o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, terá uma conversa definitiva com o subordinado.

No último dia 13, o secretário entrou de férias por 30 dias. Disse que usaria o tempo livre para se defender. O governo resiste em demiti-lo para não desagradar o senador Romeu Tuma (PTB-SP), pai do secretário e candidato à reeleição. Tuma Jr.

afirmou desconhecer o teor das investigações e, por isso, não comentaria a decisão da PF.

Para investigar Tuma Jr., em Brasília, a PF aguardava apenas uma autorização da Justiça Federal, responsável pelas investigações sobre a atuação da máfia chinesa e o envolvimento dela com um esquema de contrabando no Brasil. O inquérito contra o secretário foi aberto a pedido da Corregedoria da PF de São Paulo.

As investigações que chegaram ao secretário começaram em 2007, mas os elementos contra ele foram levantados em 2009. Em duas operações, Tuma Jr. foi flagrado várias vezes conversando com Paulo Li, mas não foi investigado nelas.

Nas conversas telefônicas interceptadas, porém, o secretário aparece supostamente pedindo favores a Paulo Li, como compra de um videogame e de um telefone celular. Nos telefonemas, Tuma Jr. ainda receberia encomendas, como ajuda para acelerar a aprovação de um pedido de anistia política. Mas Tuma Jr.

alega que não cometeu nenhum irregularidade ou imoralidade.

A PF também decidiu abrir outro inquérito para apurar a divulgação das gravações, obtidas pelo jornal O Estado de São Paulo. As investigações sobre a atuação da máfia chinesa estão sob segredo de Justiça