Título: Comissão de Ética no DF aprova cassação do mandato de Eurides Brito
Autor:
Fonte: O Globo, 28/05/2010, O Pais, p. 4

Deputada aparece em vídeo de Durval Barbosa recebendo dinheiro

BRASÍLIA. A Comissão de Ética da Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou ontem, por unanimidade, a cassação do mandato da deputada distrital Eurides Brito (PMDB). Ela aparece recebendo e guardando dinheiro na bolsa, em vídeo gravado por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais que denunciou o chamado mensalão do DEM em Brasília. O processo contra Eurides será analisado agora pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), antes de seguir a plenário, onde são necessários pelo menos 13 dos 24 votos para a cassação.

Eurides está afastada da Câmara Legislativa desde 14 de maio, por decisão judicial. Ela foi acusada pelo Ministério Público de interferir no andamento do processo, na Comissão de Ética. O juiz da 2ª Vara de Fazenda Pública do DF, Álvaro Luís Ciarlini, determinou a suspensão de Eurides até o fim da investigação da Operação Caixa de Pandora, da PF, sobre a corrupção no DF.

Os cinco deputados da Comissão de Ética aprovaram a cassação: Aguinaldo de Jesus (PRB), Raimundo Ribeiro (PSDB), Paulo Roriz (DEM), Batista das Cooperativas (PRP) e Erika Kokay (PT). À CCJ caberá analisar só a legalidade do procedimento. Como três dos cinco membros da Comissão de Ética também são da CCJ, é dado como certo que o processo segue ao plenário. "Tudo leva a crer que Eurides foi partícipe em práticas de abuso do poder econômico, desvio de verbas públicas, tráfico de influência, de modo a obter vantagens pessoais e de terceiros, interferindo no exercício dos Poderes Legislativo e Executivo", escreveu a relatora Erika Kokay.

Eurides foi líder do governo Arruda na Câmara Legislativa, em 2009. O vídeo em que ela pega dinheiro foi gravado em 2006, na campanha eleitoral. Em sua defesa, Eurides disse que o dinheiro recebido - cerca de R$30 mil - foi dado pelo ex-governador e então candidato ao Senado Joaquim Roriz. Os recursos teriam como finalidade ressarcir despesas com alimentação, que Eurides diz ter pago ao organizar 12 reuniões com eleitores de Roriz. A assessoria de Eurides informou que ela só falará quando o processo chegar ao plenário.