Título: PF pronta para ouvir Zoghbi
Autor: Brito, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 20/06/2009, Política, p. 4

Ex-diretor do Senado é suspeito de improbidade administrativa

Depois de esperar por um mês os documentos do Senado relacionados aos contratos de empréstimos consignados intermediados por João Carlos Zoghbi, ex-diretor de Recursos Humanos da Casa, finalmente a Polícia Federal começará a fase de depoimentos. A PF deverá pedir também a quebra de sigilo fiscal e bancário do servidor e de alguns integrantes de sua família, mas já tem convicção de que Zoghbi teria cometido improbidade administrativa ao interferir nas negociações dos empréstimos.

De posse dos contratos de empréstimos de vários bancos e do processo investigatório realizado pela Polícia Legislativa, a PF pode começar a fazer, já na próxima semana, uma primeira fase de interrogatórios. A intenção inicial era utilizar os depoimentos dados por Zoghbi no Senado, mas investigadores que trabalham no caso consideram que não há nada revelador nem dados que possam ser utilizados na nova apuração. Mesmo assim, os papéis encaminhados pela Corregedoria do Senado serão anexados ao inquérito da Polícia Federal.

Para começar a fazer a investigação, a Polícia Federal esperou pelo menos um mês para receber os contratos feitos pelo Senado com instituições financeiras. O delegado que atua no caso, Gustavo Buquer, fez três requisições à corregedoria desde 14 de maio, quando instaurou o inquérito. Mas somente na última terça-feira os papéis chegaram à Superintendência da PF do Distrito Federal. Com isso, por ter completado o período legal de 30 dias, o delegado deverá pedir novo prazo, também de um mês, para começar as análises. Durante a semana, investigadores já trabalhavam na avaliação dos documentos encaminhados esta semana.

Atos secretos A PF ainda não recebeu qualquer orientação do Ministério Público do Distrito Federal para investigar fatos relacionados aos atos secretos do Senado. Por enquanto, segundo compreensão de policiais, o caso ainda é de esfera administrativa e não há nenhum procedimento supostamente irregular que o transfira para a área policial. ¿Se no decorrer da apuração da Procuradoria da República ficar evidenciado que houve algum crime, como por exemplo falsificação de documentos, os fatos poderão ser investigados pela PF. Porém, nada existe até agora¿, revela um delegado que acompanha os fatos.