Título: Lula afirma que seu governo é o que mais investe em rodovias desde Geisel
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 01/06/2010, Economia, p. 22
Presidente diz que, após duas décadas perdidas, é "gostoso crescer a 6%"
Mais uma vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, na sua gestão, o Brasil voltou a investir no mesmo patamar dos governos militares.
Dessa vez, Lula fez um paralelo com o governo do presidente Ernesto Geisel (1974-79), afirmando que desde então nunca se investiu tanto nas rodovias do país. Apesar disso, o Ministério dos Transportes foi um dos mais atingidos pelo corte de gastos feito pelo governo federal ¿ ontem, foi anunciado que a pasta terá uma redução de R$ 981 milhões em sua dotação.
Na abertura do Michelin Challenge Bibendum, fórum sobre mobilidade sustentável que está sendo realizado no Rio, Lula disse que o investimento feito na década de 70 em rodovias foi pior do que o atual, porque elevou o endividamento do país, o que gerou, segundo o presidente, ¿duas décadas perdidas¿ para a economia ¿ incluindo nessa classificação a maior parte do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002): ¿ Qualquer um pode investigar para saber há quantas décadas não se investia neste país em rodovias como estamos fazendo agora. Eu diria que tivemos um momento próximo disso, possivelmente em 1975, ainda no governo Geisel, que investiu tanto, mas endividou o Brasil, e nós passamos 20 anos pagando a dívida. E todo mundo sabe o que aconteceu em seguida com as duas décadas perdidas, entre (19)80 e 2000.
`Nem o mercado é Deus, nem o Estado é diabo¿ Lula também minimizou os impactos de gargalos que, segundo alguns economistas, limitam o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país): ¿ O país aprendeu a gostar de acabar com o PIB potencial, uma imbecilidade de alguns economistas que achavam que a economia brasileira não poderia crescer mais de 3%, que a casa caía. Agora, experimentamos que é gostoso crescer mais de 3%, a 4%, a 5%, a 6%. Mas nós também não queremos crescer demais, porque a gente não quer ficar como se fosse uma sanfona, vai a 10%, volta a 2% ¿ disse, afirmando que o mundo desenvolvido, que sempre dizia ao Brasil o que o país deveria fazer, precisava ter humildade para aprender ¿como se faz política econômica com seriedade¿.
Lula disse que irá prorrogar o programa Mais Alimento, que prevê financiamento em condições mais vantajosas para a compra de tratores. Segundo o presidente, 80% dos tratores vendidos no Brasil foram por meio desse programa, com mais de 26 mil veículos comercializados. O presidente também adiantou que o governo estuda propor uma alteração legal para facilitar a compra de caminhões e a renovação da frota de carga. Ele disse que o atual programa de incentivo é um sucesso parcial: ¿ Por conta da lei, o caminhão não pode ser dado em garantia porque é, como diríamos em linguagem popular, o ganha-pão do caminhoneiro. A lei parece que beneficia o caminhoneiro, mas, no fundo, ela impede que ele pegue o dinheiro para comprar o caminhão ¿ disse, lembrando que também foi criada uma linha especial do Finame (crédito do BNDES para a compra de máquinas e equipamentos) para facilitar a venda de ônibus na cidade, e que essa linha pode ser estendida para América Latina e África.
O presidente voltou a criticar os investidores do mercado financeiro, a quem culpou pela atual crise europeia: ¿ A crise de agora é um pouco resultado daqueles que passaram os últimos anos dizendo que o mercado é Deus, e que o Estado é o diabo. Passado todos esses anos, nem o mercado é Deus, nem o Estado é diabo ¿ disse