Título: FMI: socorro a bancos já passa de US$9,6 tri
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Fonte: O Globo, 31/05/2010, Economia, p. 18
G-20 se reúne este mês para debater como sanar setor financeiro
BRUXELAS. Os recursos usados para fazer frente à crise financeira já superam 25% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) dos países mais avançados, segundo relatório confidencial obtido pelo jornal espanhol "El País". O documento foi elaborado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela Comissão Europeia a pedido do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo) e mostra que já foram reservados mais de US$9,6 trilhões para socorrer bancos, embora parte desse montante não tenha sido usada ainda.
O G-20 se reúne em Toronto no fim deste mês para debater como "o setor financeiro pode contribuir para reparar o sistema financeiro de forma justa e substancial", lembra o "El País". Uma das medidas estudadas é a cobrança de uma taxa das instituições financeiras para bancar futuras operações de resgate.
O impacto da crise no setor público se concentra praticamente nos países ricos do G-20 - como EUA, França, Alemanha e Reino Unido - que consumiram um total de US$9,5 trilhões, segundo o relatório. Entre os países emergentes do G-20, o dinheiro dos contribuintes consumido no Brasil até agora, por exemplo, foi de 1,3% do PIB, e na Rússia, de 9,6% do PIB, de acordo com o documento. Já países como Arábia Saudita e Turquia não gastaram um centavo para resgatar bancos.
A consequência mais grave do uso maciço de recursos públicos para socorrer instituições financeiras, na avaliação do FMI, é o aumento da dívida pública. Nos países mais avançados do G-20, ela deve atingir 40% do PIB entre 2008 e 2015. Paralelamente, a crise já provocou até agora uma perda acumulada do PIB de 27% nesses países, diz o relatório. E a taxa de desemprego já chegou a 10% em Europa e EUA.