Título: Dilma considerou empate fantástico
Autor: Lins, Letícia; Martin, Isabela
Fonte: O Globo, 29/05/2010, O País, p. 10

Sobre sindicatos, disse que reduzir jornada não é assunto do governo

DILMA, ao lado de ministro da Reforma Agrária, Guilherme Cassel (à esquerda), no encontro de agricultura familiar

Leila Suwwan

CHAPECÓ (SC). Apesar de sua tradicional cautela com as pesquisas, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, celebrou ontem o empate técnico com o adversário nas sondagens de intenção de voto recentes e considerou seu próprio desempenho "fantástico".

- É significativo que eu já tenha esses números. É minha primeira campanha eleitoral. Apesar de ter grande experiência na área administrativa, acontece que eu não tinha nenhuma lembrança (entre eleitores nas eleições passadas). Acho fantástico estar com esses números - disse ela, antes de participar do II Encontro Nacional de Habitação da Agricultura Familiar, em Chapecó, em Santa Catarina.

Dilma também deu entrevista à rádio Super Condá, quando afirmou que a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais não é assunto de governo, e deve ser negociada diretamente entre trabalhadores e patrões em cada setor da economia. Foi a primeira vez em que a petista opina sobre a questão na pré-campanha - em eventos com sindicalistas, a cobrança foi ignorada. O gesto é um aceno aos empresários, contrários à aprovação da PEC (proposta de emenda constitucional) sobre o assunto.

- Não é pauta de governo. Não pode. E eu concordo inteiramente com a posição do governo. Não é assunto que governo trata. Isso é uma reivindicação do movimento social. Se eles conseguirem negociar com os patrões, e os patrões aceitarem as 40 horas, no setor em que aceitarem, aí é pauta deles - disse Dilma: - O governo não substitui movimento social, nem no lado dos patrões nem do lado dos trabalhadores.

Ideli chama Dilma de "futura presidente do Brasil"

O posicionamento é assumido três dias depois da sabatina na Confederação Nacional da Indústria (CNI), ferrenha opositora da campanha assumida pelas seis centrais sindicais do país, capitaneadas pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), ligada ao PT, e pela Força Sindical, ligada ao PDT. Os sindicalistas pressionam pela votação da PEC 231-95, que reduz a atual carga de 44 horas semanais, sem redução salarial, e não avaliam que negociações setoriais alcançariam essa meta.

No ato, promovido pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar(Fetraf-Sul), filiada à CUT, Dilma assumiu compromissos, comeu churrasco gaúcho e posou para fotos com chapéu de palha. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), pré-candidata ao governo de Santa Catarina, convidou-a para discursar com o título de "futura presidente do Brasil". Dois ministros estavam na mesa: Altemir Gregolin, da Pesca, e Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário.

Em sua passagem por Chapecó, Dilma também atacou a capacidade administrativa de seu adversário José Serra (PSDB). Ao defender o nível de endividamento público do Brasil, de 42,9% do Produto Interno Bruto(PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), afirmou que o tucano foi ministro do Planejamento no governo Fernando Henrique Cardoso, quando o país não conseguiu gerar superávit.

- Na época em que meu oponente, ou o que será talvez meu oponente, era ministro do Planejamento, ele fez um altíssimo endividamento. Não fez superávit, fez déficit. Nós jamais fizemos déficit.