Título: Governo quer licitar este ano áreas fora do pré-sal
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 03/06/2010, Economia, p. 23
Após três anos, 11° Rodada vai oferecer áreas de exploração de petróleo no mar, segundo diretor-geral da ANP
Depois de ficar quase três anos sem licitar áreas no mar para exploração de petróleo e gás, o governo federal pretende realizar a 11° Rodada de licitações de áreas ainda neste ano. A informação foi dada ontem pelo diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, ao explicar que pretende apresentar a proposta para licitar blocos terrestres e marítimos fora da área do pré-sal na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), no fim deste mês.
A última licitação realizada no país foi em 2008 quando foi feita a 10° Rodada apenas para blocos terrestres. No ano anterior, o governo federal retirou, uma semana antes da 9aRodada, os blocos marítimos inclusive os do pré-sal. A retirada dos blocos foi feita pelo governo ao anunciar a descoberta de reservas gigantes de petróleo no pré-sal na Bacia de Santos.
8° Rodada não foi concluída: blocos perto do pré-sal Já a 8aRodada, realizada em 2006, não foi concluída até o momento. Por questões judiciais, a rodada foi suspensa.
Mas depois de superados os entraves judiciários, os contratos dos blocos concedidos ainda não foram assinados, porque oficialmente a rodada não foi concluída. O problema é que alguns blocos que seriam oferecidos na 8° Rodada estão próximos à área do présal, que aguarda a definição do novo marco regulatório.
Segundo Haroldo Lima, a ideia é oferecer, além de blocos terrestres, áreas também em águas rasas e profundas fora da região do pré-sal localizada na Bacia de Santos. Se o CNPE aprovar, a ANP pretende lançar o edital de licitação já no próximo mês.
Apesar de não informar quantos blocos serão oferecidos, Lima garantiu que serão ¿algumas centenas¿ fora da camada do pré-sal. Mas ele admite que a definição de uma nova rodada tem certo vínculo com a aprovação pelo Congresso do novo modelo para exploração de petróleo no pré-sal.
¿ Há interesse generalizado de fazer a rodada. O governo quer. Não podemos ficar circunscritos à alta expectativa do pré-sal ¿ disse Lima.
O executivo destacou que apesar do elevado volume de reservas na região, a área do pré-sal representa em termos de tamanho 2% das bacias sedimentares brasileiras.
Embora s áreas marítimas sejam as mais atrativas para as empresas petrolíferas, Haroldo Lima defendeu a inclusão de um maior número de áreas terrestres no leilão. Isto porque, segundo ele, descobertas de petróleo ou gás em campos terrestres podem ter uma importante contribuição para o desenvolvimento mais harmônico do país.
Segundo poço da ANP pode ter reservas maiores O diretor-geral informou também que o segundo poço que a ANP está perfurando na área ainda não licitada do présal pode ter reservas de petróleo superiores às descobertas com o primeiro poço. Segundo a agência, no primeiro poço foram encontradas reservas estimadas em 4,5 bilhões de barris de petróleo.
¿ As informações advindas do processo de perfuração podem indicar que esse segundo bloco seja melhor do que o primeiro. Será uma coisa muito importante ¿ disse Lima.
Essas áreas são da ANP porque não foram ainda licitadas, mas os poços estão sendo perfurados pela Petrobras. A ideia inicial é descobrir reservas de até 5 bilhões de barris de petróleo que seriam usadas para o processo de capitalização da Petrobras. Esse volume de petróleo será explorado pela Petrobras no modelo chamado de cessão onerosa, que está em votação no Congresso, bem como o regime de partilha de produção.
¿ Se fôssemos realizar licitação naquela área, o bônus de assinatura na região pularia lá para algumas dezenas de bilhões de dólares ¿ disse Lima.