Título: Lula diz que Brasil teve PIB 'made in China' e que 'multiplicou os pães'
Autor: Novo, Agnaldo
Fonte: O Globo, 10/06/2010, Economia, p. 32

Ministro do Planejamento diz que país "não pode se apavorar com crescimento"

Um dia depois da divulgação do resultado recorde do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) no primeiro trimestre, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em Natal, que não deixará o processo eleitoral ¿estragar o que está acontecendo no Brasil¿ e que manterá a inflação sob controle.

Lula, comparou o crescimento brasileiro ao chinês e disse que o Brasil está fazendo a ¿multiplicação dos pães¿.

¿ Hoje eu consegui ver alguns jornais, e o pessoal está dizendo assim: ¿Brasil tem crescimento made in China¿. O Brasil está crescendo igual à China.

`Estamos fazendo o que Jesus nos ensinou¿ Em seguida, para destacar que seu governo tem conseguido ampliar o crédito para os pobres, Lula citou uma parábola bíblica: ¿ Estamos fazendo o que Jesus nos ensinou: a multiplicação dos pães para que os pobres possam ter acesso àquilo que, até então, era só de uma parcela da sociedade brasileira.

Ao inaugurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no conjunto Pajuçara, em Natal, Lula prometeu ainda manter a estabilidade econômica e combater a inflação: ¿ Farei qualquer coisa para não deixar a inflação voltar.

O presidente lembrou que foi no seu governo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) deixou de mandar no Brasil e até emprestou dinheiro para a Grécia, que enfrenta uma crise: ¿ Hoje nós chamamos o presidente do FMI e falamos ¿companheiro, nós não precisamos mais do seu dinheiro, tome aqui o que é seu¿. Nós somos pobres, mas somos orgulhosos.

Lula voltou a se comparar ao ex-presidente Ernesto Geisel (1974-1979), para afirmar que seu governo está investindo em infraestrutura: ¿ Todos vocês sabem: a construção civil brasileira estava predestinada a não crescer, porque não existia nem contratação de obra por parte do governo nem financiamento por causa dos bancos privados e, muito menos, financiamento por conta dos bancos públicos estaduais.

O governo Geisel foi o último governo que fez investimento em infraestrutura neste país.

Já o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou ontem que o país ¿não pode se apavorar com o crescimento¿, mas ressaltou que o governo não vai descuidar do controle da inflação.

¿ Queremos crescer, mas com inflação baixa e controlada ¿ afirmou ele, durante seminário em São Paulo. ¿ Um tiquinho (de inflação) a mais, como está sinalizando hoje, parece tolerável. Mais que isso, o governo terá de agir e, às vezes, isso pode afetar o crescimento.

Sem detalhar as medidas que poderiam ser adotadas, Paulo Bernardo citou como instrumentos contra a inflação a política monetária (ontem, o Copom voltou a elevar a taxa básica de juros) e o aumento dos depósitos compulsórios. Novos cortes nos gastos do governo, segundo ele, não devem ocorrer.

Ele afirmou ainda que o PIB poderá beneficiar a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Isso porque, explicou, parte da aprovação dada ao governo Lula vem justamente da situação econômica favorável