Título: Fim do prazo de patente faz Pfizer reduzir preço do Viagra em 50%
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 09/06/2010, Economia, p. 33

Laboratório lança também no Brasil caixa com apenas um comprimido, a R$16,92

CAIXA COM apenas um comprimido do Viagra que está sendo lançado hoje pela fabricante no país

A pouco mais de dez dias da extinção do prazo da patente do Viagra, a multinacional Pfizer, fabricante do remédio para disfunção erétil, lança uma ofensiva para não perder mercado. Como o fim do prazo permitirá a entrada de genéricos com o mesmo princípio ativo, o laboratório decidiu reduzir em 50% o preço do produto a partir de hoje em todas as farmácias. Além disso, a Pfizer está lançando a caixa com apenas um comprimido de 50 miligramas (mg), que custará R$16,92 no Estado do Rio. Até então, o remédio era vendido apenas em caixas de quatro comprimidos de 25mg e de 100mg, além das embalagens com dois, quatro e oito comprimidos de 50mg, que continuarão no mercado.

- Queremos continuar competitivos - disse ontem o diretor da Unidade de Negócios Primary Care, da Pfizer Brasil, Adilson Montaneira.

A caixa com quatro comprimidos de 25mg, por exemplo, passará a custar R$61,55. O preço da embalagem com quatro comprimidos de 50mg cairá para R$67,67. E o da caixa com quatro comprimidos de 100 mg passará a custar R$105,94. O preço vale a partir de hoje mesmo que a farmácia tenha estoque antigo, já que a Pfizer ressarcirá todas as drogarias pela diferença.

STJ determinou que prazo terminaria este mês

O diretor da Pfizer fez questão de explicar que não se trata de quebra de patente do remédio, mas, sim, do término de seu prazo de validade, que ocorrerá no próximo dia 20. Havia uma divergência sobre a data em que a patente começou a vigorar. O executivo explicou que a patente de um medicamento é dada pelo prazo de 20 anos a partir do desenvolvimento da molécula, fase na qual o medicamento pode ainda nem estar totalmente desenvolvido. E o laboratório considerava que o desenvolvimento da molécula ocorreu em 1991, quando a primeira molécula, registrada em 1990, foi modificada. Mas, no fim do mês de abril, o Superior Tribunal de justiça (STJ) determinou que o prazo do fim da patente seria já este ano, e não em 2011.

O executivo explicou que, para o desenvolvimento desses medicamentos, é gasto em torno de US$1 bilhão. Por isso a patente é concedida pelo prazo de 20 anos. No caso do Viagra, seu lançamento no mercado foi em 1998, tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Ou seja, a Pfizer teve 12 anos com a patente para recuperar os investimentos.

Remédio é o 2º da categoria mais vendido no país

- No período da patente é que o laboratório tenta não apenas recuperar os investimentos elevados que foram feitos para o seu desenvolvimento, mas também para alimentar outros projetos em andamento. Somente neste ano a Pfizer está investindo em pesquisas US$9,6 bilhões - disse o executivo da Pfizer.

O Viagra (cujo princípio ativo é o citrato de sildenafila) virou sinônimo de tratamento contra disfunção erétil. O medicamento é hoje o segundo produto da categoria mais vendido no Brasil, perdendo apenas para o Cialis (tadalafil). O remédio é o terceiro de maior venda da Pfizer no Brasil, representando entre 7% e 8% das vendas de medicamentos do laboratório no país, atualmente em torno de R$180 milhões anuais. As vendas totais da Pfizer no Brasil, incluindo produtos como vitaminas e medicamentos para animais, são da ordem de R$3,3 bilhões.

Em dezembro termina a patente do medicamento Liptor, também da Pfizer, usado para no tratamento contra o colesterol, que custa mais de R$200 nas farmácias.