Título: Lula: Brasil merecia crescimento exuberante
Autor: Martin, Isabela; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 09/06/2010, Economia, p. 31

Presidente lembra que foi "esculhambado" quando dizia que crise seria "marolinha". Meirelles destaca investimentos

LULA EM evento em Fortaleza: presidente comemora oferta de crédito de quase R$1,5 trilhão em seu governo

Isabela Martin, Martha Beck e Patrícia Duarte

FORTALEZA, BRASÍLIA e RIO. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, ao comentar o resultado de 2,7% do PIB no trimestre, que o percentual anualizado deve chegar a 9% e que isso representa um crescimento exuberante.

- Acho que vivemos um momento de ouro neste país - disse o presidente, ao participar da solenidade pelo aniversário de cinco anos do Agroamigo, maior programa do Brasil de microcrédito rural, em evento na sede do Banco do Nordeste. - É um crescimento exuberante. Acho que o Brasil merecia e precisava disso.

Ele lembrou que foi "esculhambado" quando dizia que a crise internacional seria só uma marolinha no Brasil. E comemorou o crescimento do crédito. Segundo Lula, em 2003, quando assumiu a presidência, todo o crédito disponibilizado para o Brasil foi de R$380 bilhões. Hoje, chega a quase R$1,5 trilhão.

Já a equipe econômica comemorou o resultado com satisfação contida. Os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, admitiram que a projeção oficial de crescimento para o ano, de 5,5%, terá que ser revista para entre 6% e 6,5%. Mantega, no entanto, frisou que não há superaquecimento, pois o ritmo da atividade está se acomodando, e os próximos trimestres não deverão repetir o resultado do primeiro.

"A trajetória é de um crescimento moderado. Caminhamos para um crescimento sustentável" disse Mantega, que está em viagem, por meio de nota. O ministro salientou que "na comparação internacional, apenas a China teve um crescimento dessa magnitude (2,7%)" e atribuiu o "o dinamismo da economia" às medidas de políticas monetária e fiscal adotadas no auge da crise.

Paulo Bernardo concordou:

- Foi um Pibão! A economia já estava pronta para crescer, e o resultado é fruto das políticas de governo. Isso deu uma resposta extraordinária.

Às vésperas de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidir a nova Taxa Selic, Mantega lembrou que a base de comparação (o fundo do poço da crise) é baixa e valorizou a alta do investimento no primeiro trimestre, que garante a expansão da capacidade instalada, segurando pressões inflacionárias. Para se ter uma ideia da cautela de Mantega, nos seis parágrafos da nota não há menção à taxa de expansão interanual do PIB, de 9%.

Para o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles "o resultado foi particularmente importante porque o setor de investimentos foi um dos mais atingidos pela crise."

Nos bastidores da equipe econômica, o que se diz é que o crescimento do primeiro trimestre já assegurou que a economia vai crescer entre 6% e 6,5% este ano, o que significa que o valor vai, na realidade, ser maior.

- Para este ano, teremos que refazer as contas (de crescimento do PIB) para 6%, está difícil dar hoje menos que 6% - disse Paulo Bernardo.

O presidente Luciano Coutinho, que participa de reunião do Institute of International Finance (IIF) em Viena, disse que os dados revelam "crescimento intenso, mas com características saudáveis" e destacou a recuperação do investimento.