Título: Triangulação sob suspeita
Autor: Herdy, Thiago; Campbell, Ullisses
Fonte: Correio Braziliense, 21/06/2009, Política, p. 6

Responsável pela investigação do caso, o promotor Saad Mazloum espera a quebra dos sigilos fiscal e bancário do Instituto Florestan Fernandes para, de fato, ter acesso à documentação contábil dos contratos. ¿Só assim saberíamos como os R$ 12,8 milhões foram repartidos, na conta de quem foram depositados e no bolso de quem esse dinheiro todo foi parar¿, afirmou o promotor. Por conta da demora de quase três anos, Mazloum acredita que muitos documentos podem ter sido destruídos pelas instituições financeiras que recebiam os depósitos, já que os microfilmes de cheques, por exemplo, são guardados por apenas dois anos. Ele suspeita ainda que os próprios envolvidos podem ter destruído provas importantes.

Em depoimento ao Ministério Público, a presidente do IFF, Maria Teresa Augusti, classificou a contratação do instituto pelas fundações como serviços que se inseriam dentro de um ¿processo de cooperação institucional¿. O depoimento tem elementos que confirmam a triangulação, segundo o MP. Augusti alega que o dinheiro teria sido usado para suporte técnico, contratação de secretárias, aluguel de espaços para reunião, mas não teria apresentado notas fiscais comprovando os serviços.

O promotor Saad Mazloum cogita apresentar a denúncia à Justiça nos próximos meses, mas gostaria de fazer isso com os documentos da quebra de sigilo em mãos, para propor uma ação de improbidade administrativa contra agentes públicos. Mazloum não descarta nem a participação de Marta Suplicy no rol das pessoas arroladas no polo passivo da ação. Procurada pelo Correio, Marta disse que o Florestan Fernandes é uma entidade séria e fez questão de ressaltar que não é parte citada a responder na ação. ¿Como fui prefeita à época, esclareço que todas as contratações realizadas obedeceram rigorosamente às determinações legais¿, informou a ex-prefeita.

Os recursos repassados aos dirigentes do Instituto Florestan Fernandes (IFF), por intermédio das fundações, tinham em comum o propósito de melhorar o atendimento prestado pelo poder público ao cidadão e modernizar a estrutura administrativa municipal. Todos os contratos foram firmados pelas secretarias de assistência social, planejamento urbano e finanças, a maioria com objetos de aplicação ampla, sem muito detalhamento do trabalho a ser executado.