Título: Para aliados, governo cochilou, mas líder diz que votação foi uma vitória
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 11/06/2010, Economia, p. 28

Romero Jucá comemora aprovação de projetos de partilha e capitalização

BRASÍLIA. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), foi dormir tranquilo, na última terça-feira, ao conseguir o compromisso da oposição de que os dois projetos principais que tratam do pré-sal ¿ o do Fundo Social com a partilha e o da capitalização da Petrobras ¿ seriam votados na quarta-feira, e acordou surpreendido com o, inicialmente, rumor de que o senador Pedro Simon (PMDB-RS) apresentaria um destaque ressuscitando a Emenda Ibsen. Entre membros da base governista e no Palácio do Planalto, existe a convicção de que o governo ¿cochilou¿.

Ou seja, teria apostado apenas no acordo feito com os oposicionistas e se esqueceu dos chamados senadores independentes da base, grupo no qual se enquadra Simon, ¿uma instituição em separado¿, resumiu um senador.

No fim, porém, a Emenda Simon acabou ajudando. A oposição havia encaminhado votar contra a partilha (os investidores trabalham para a União, que é dona da produção e os remunera pelo serviço), defendendo o atual modelo de concessão (os investidores pagam para explorar a área e ficam com o lucro, sobre o qual recolhem uma participação ao governo). Contudo, para forçar a inclusão dos royalties no projeto, aprovou o quanto antes o substitutivo de Jucá.

¿ Acabamos aprovando os dois projetos, como havíamos previsto ¿ comemorou Jucá, logo após a sessão no plenário, que durou mais de 12 horas.

Do total, 41 senadores aprovaram e 28 rejeitaram Essa sensação de vitória também foi demonstrada pelo líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Perguntados se o Executivo havia perdido, devido à aprovação da Emenda Simon, Vaccarezza respondeu: ¿ Não. O governo ganhou, porque o mais importante é o sistema de partilha.

Momentos depois, sob a mesma indagação, Padilha, que acompanhou a votação dos dois projetos, reforçou: ¿ Muita gente duvidava que a gente teria, neste primeiro semestre, a aprovação da capitalização da Petrobras.

A questão é que a maioria dos senadores não teve coragem de votar contra a Emenda Simon.

Disseram sim 41 parlamentares, enquanto 28 responderam que não aprovavam o dispositivo. O próprio autor da emenda advertia que quem fosse contra a distribuição igualitária dos royalties entre todos os entes da federação perderia votos.

Na base governista, até o exministro e atual candidato ao governo de Minas Gerais Helio Costa (PMDB-MG) e o senador Paulo Paim (PT-RS) foram favoráveis à emenda de Simon.

`Colegas estão em clima pré-eleitoral¿, afirmou Jucá Os três senadores fluminenses, Francisco Dornelles (PP), Marcelo Crivella (PRB) e Paulo Duque (PMDB) estavam presentes e, obviamente, votaram não. O mesmo aconteceu com os capixabas Gerson Camata (PMDB), Magno Malta (PR) e Renato Casagrande (PSB).

Em São Paulo, que também é produtor, o único que votou sim foi Romeu Tuma (PTB).

Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy, do PT, disseram não.

¿ Não pudemos controlar a base, pois os colegas estão vivendo em meio a um clima préeleitoral.

A matéria vai para a Câmara e tentaremos mudá-la.

Caso contrário, será vetada pelo presidente Lula, em minha opinião ¿ afirmou Jucá