Título: PF prende 12 acusados de fraudar concursos
Autor: Fabrini, Fábio; Marcelle, Ribeiro
Fonte: O Globo, 17/06/2010, O País, p. 13

Quadrilha vazou provas para candidatos, no Rio e em SP, de exames de instituições como OAB, Receita e da própria PF

BRASÍLIA e SÃO PAULO. A Polícia Federal prendeu ontem 12 acusados de fraudar concursos na Grande São Paulo, na Baixada Santista, em Campinas e no Rio de Janeiro, em ação batizada de Operação Tormenta. A quadrilha vazou provas para 53 candidatos ao concurso de agente da Polícia Federal e 26 candidatos do exame da OAB em 2009; e 41 do concurso da Receita Federal em 1994. Há ainda indícios de fraudes nos concursos mais recentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Os bandidos conseguiam os cadernos de questões da provas aliciando pessoas com acesso a elas; contratavam como professores de cursos pessoas que já sabiam as perguntas da prova da OAB; usavam pontos eletrônicos para passar respostas; e contratavam pessoal para fazer a prova no lugar dos candidatos.

A organização tentou, sem sucesso, vazar a última prova da OAB e passar resultados do exames dos concursos de Caixa Econômica Federal, Agência Nacional de Energia Elétrica, INSS, Advocacia Geral da União, Residência Médica da Santa Casa de Santos, Defensor Público da União e Faculdade de Medicina de Ouro Preto. A quadrilha ainda falsificava documentos e diplomas exigidos nas inscrições.

Dos 53 concorrentes com acesso à prova da PF, só seis chegaram à última fase. Excluídos, serão indiciados por estelionato e receptação. Os 26 aprovados acusados de comprar respostas do exame da OAB devem ser ouvidos a partir de hoje.

A quadrilha cobrava R$ 50 mil para vazar provas da OAB e cobrava, em dólares, R$ 93 mil para as de policial federal e R$ 279 mil para as de auditor da Receita. Diplomas e documentos falsos custavam R$ 30 mil. Segundo a PF, o grupo pretendia vazar, por US$ 100 mil, provas de delegado da PF. Os 41 aprovados por fraude no concurso da Receita em 1994 foram excluídos na época, por indícios de irregularidades.

Mas entraram com ação na Justiça Federal de São Paulo e foram reincorporados e indenizados em cerca de R$ 3 milhões, que seriam repartidos com o grupo.

Entre os beneficiários estão a ex-mulher, a nora, o filho e amigos do filho do dono de uma universidade de São Paulo apontado como líder da quadrilha. A PF não divulgou os nomes dos envolvidos e da instituição