Título: Lula nega interesse em ajudar Dilma com reajuste maior para aposentados
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 17/06/2010, O País, p. 4

Presidente diz que gasto extra vai ser compensado com aumento do consumo Enviada especial

MANAUS. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ontem que tenha sancionado um reajuste maior para os aposentados que ganham acima do salário mínimo para evitar prejuízos à campanha à Presidência da petista, Dilma Rousseff. Disse acreditar que sua medida beneficiará tanto Dilma como seus principais adversários: José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV).

Para Lula, o que o governo está gastando a mais agora com aposentados voltará em parte aos cofres públicos, por meio de impostos, porque deverá aumentar o poder de compra de mais de 8 milhões de pessoas. O presidente afirmou que seu governo manterá a rigidez fiscal.

¿ Fiquei imaginando se todos os prejuízos que o Brasil poderia ter seria dar 1,7 (bilhão de reais) a mais para os aposentados, além do que já tínhamos dado. O aumento de consumo que essa gente vai ter nos próximos meses vai recuperar parte desses recursos em impostos que o governo mesmo vai cobrar, e vai ajudar a economia brasileira a se dinamizar ¿ argumentou Lula, após se encontrar com o presidente do Peru, Alan García, em Manaus.

O atendimento ao pleito dos aposentados, segundo Lula, pode trazer benefício eleitoral não apenas para sua candidata.

¿ Não sei porque isso ajudaria a Dilma. Isso pode ajudar o Serra, pode ajudar a Marina, mas, certamente, vai ajudar 8 milhões de aposentados que ganham mais do que um salário mínimo. Esses serão ajudados.

Tenho certeza de que eles não vão comprar dólar, carro. Vão comprar arroz, feijão, meia, roupa para os netos ¿ disse Lula.

¿Vamos continuar com a rigidez fiscal¿, diz Lula O presidente reafirmou que, para fazer frente a um reajuste maior do que o inicialmente proposto pelo governo (6,14%), será necessário cortar recursos de emendas dos parlamentares no Orçamento da União deste ano.

¿ Só tomamos a decisão porque a equipe econômica me garantiu que é possível fazer um corte no Orçamento equivalente à quantia que vamos dar de reajuste, incluindo as emendas parlamentares.

Disse ainda que seu governo manterá o controle dos gastos públicos, e que o pagamento do reajuste aprovado pelo Congresso ¿não vai quebrar o país¿.

A diferença entre a proposta inicial e o que foi sancionado é de R$ 1,6 bilhão por ano.

¿ Para o país que quer ser a quinta economia do mundo e que está crescendo, não vai ser 1,7 bi acima daquilo que já estava sendo pago aos aposentados que vai quebrar o país. Vamos continuar com a rigidez fiscal e continuar controlando as contas públicas. E vamos diminuir os gastos com custeio, para poder garantir que uma parte pobre da população tenha um pouco mais de consumo neste país