Título: `O padrão da migração chinesa mudou¿
Autor: Sertti, Rennan; Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 13/06/2010, Economia, p. 28

Para o consultor Renato Amorim, fundador do Conselho Empresarial Brasil China, a adaptação dos chineses ao Brasil enfrenta dificuldades como a falta de um ¿sistema de acolhimento¿. Ainda assim, ele acredita que o Brasil seja um dos alvos prioritários dos investimentos chineses, por causa de sua carência de matérias-primas: ¿Haverá uma nova onda de investimentos, como no pré-sal¿.

Está crescendo o número de chineses qualificados no Brasil?

RENATO AMORIM: A nossa base de chineses qualificados é baixa. Então, cada aumento parece bem grande. Mas o padrão de migração chinesa mudou. No passado, muitos vinham fugindo da miséria e dos conflitos, e o fluxo veio de forma desorganizada. Então, o chinês não vinha para cá porque tinha um apoio aqui. Não. Não tem nem comunidade aqui no Brasil. E houve muita entrada ilegal de chineses, era gente muito pobre. Agora, o processo muda com a aceleração de investimentos no mundo, inclusive no Brasil.

A adaptação dos profissionais chineses ao Brasil é difícil?

AMORIM: Talvez seja mais difícil do que fascinante. No Brasil, não existe uma comunidade chinesa, e o país desconhece a cultura oriental, sua forma de pensar, sua História. Nossa referência é o pensamento europeu. O Brasil não tem estrutura para receber o chinês e não criou um sistema de acolhimento. Essa falta de apoio me preocupa.

Mas isso pode ser um entrave?

AMORIM: O Brasil é um dos alvos prioritários para a China, por causa da sua necessidade de matéria-prima. Haverá uma nova onda de investimentos, como no pré-sal.

E os chineses estão preparados?

AMORIM: A China se prepara para ser uma grande potência. Na Austrália, há de 20 mil a 40 mil chineses em cursos de pós-graduação. Nos EUA, são de 50 mil a 60 mil. E aqui, meia dúzia... Não há bolsas para chineses em cursos no Brasil. (Fabiana Ribeiro e Rennan Setti)