Título: Petistas ironizam rótulo de neocorruptos
Autor: Suwwam, Leila ; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 14/06/2010, O País, p. 4

Dutra diz que expressão usada por Serra é "resultado da falta de um projeto"

BRASÍLIA. O PT reagiu ontem, com ataques e ironias, ao discurso feito no dia anterior pelo candidato tucano à Presidência, José Serra, que voltou a atacar o aparelhamento do Estado e usou expressões como "neocorruptos" e "esquadrões de militantes pagos com dinheiro público" para se referir ao governo petista. O presidente nacional do partido, José Eduardo Dutra, criticou a postura de Serra, ressaltando que, quando assumiu a presidência da Petrobras, em 2003, a estatal estava completamente aparelhada por políticos tucanos.

- Eu me surpreenderia se Serra fizesse um discurso elogiando Dilma. Mas ele nos acusa de algo que os tucanos fizeram. Quando entrei na Petrobras, eu constatei o aparelhamento do governo anterior. No gabinete da presidência da estatal havia uma ex-deputada do PSDB. Também tinha um ex-deputado tucano no Conselho da Petrobras - disse Dutra. - O engrançado é que, quando é do grupo dele, isso é competência, mas, quando é do nosso, é aparelhamento.

Dutra diz que termo neocorruptos é inconsistente

O presidente do PT afirmou que é inconsistente a classificação "neocorruptos" feita por Serra:

- É inconsistente nos chamar de neocorruptos. Isso é resultado da falta de um projeto para apresentar. Quem não tem projeto fica adjetivando o adversário - disse Dutra.

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT-BA), foi contundente ao afirmar que não é a honestidade que separa a candidata petista Dilma Rousseff de Serra.

- Acho muito difícil carimbar nessa moça (Dilma) a pecha de desonesta, como acho também difícil fazer isso em relação ao Serra. Nossa diferença é de projeto. Não é a honestidade que separa a Dilma do Serra. O debate dessa campanha será do modelo de desenvolvimento econômico - rebateu o governador petista.

O líder do governo na Câmara e coordenador da campanha de Dilma, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), ironizou os ataques feitos por Serra na convenção do PSDB. Para ele, isso é demonstração de desespero. Ele lembrou que em 2006 o ex-governador Geraldo Alckmin vestiu camisas com os símbolos de estatais para dizer ser contra a privatização.

- A campanha do Serra está muito parecida com a do Geraldo Alckmin, em 2006. Só falta vestir o jaleco do Banco do Brasil. O Serra está caindo sem paraquedas. Por isso está desesperado: só faz denúncia e não apresenta qualquer proposta. Não sei a quem ele está se referindo quando fala de neocorruptos. Ele precisa vir para o debate - disse Vaccarezza.

Em seu twitter, o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), também reagiu às declarações do candidato tucano:

- O Serra acusa o governo Lula de patota corporativa, mas esquece que os ministros de Fernando Henrique Cardoso viraram banqueiros.

Em seu discurso na convenção que oficializou sua candidatura à Presidência da República, sábado, em Salvador, Serra disse que "quem justifica deslizes morais dizendo que está fazendo o mesmo que outros fizeram, ou que foi levado a isso pelas circunstâncias, deve merecer o repúdio da sociedade. São os neocorruptos."