Título: Centrais elogiam, mas querem mais
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 16/06/2010, O País, p. 4

Sindicalistas criticam manutenção do fator previdenciário

SÃO PAULO e BRASÍLIA. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, duas das principais centrais sindicais do país, divulgaram notas ontem para apoiar e elogiar a decisão do presidente Lula de sancionar o reajuste de 7,7% para os aposentados. Mas também criticaram o veto ao fim do fator previdenciário.

Para a Força Sindical, o reajuste é uma demonstração de sensibilidade social. "O aumento é uma conquista do movimento sindical e uma derrota para os tecnocratas de alguns setores do governo que desejavam um reajuste bem menor", afirma em nota. Segundo a entidade, o aumento beneficiará 8,35 milhões de aposentados e colocará mais R$6,7 bilhões na economia este ano. Principal defensor dos 7,7%, o presidente da Força, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), foi um dos primeiros a ser informado pelo governo da decisão de Lula.

- Foi positivo. O presidente teve sensibilidade mais uma vez para enfrentar a equipe econômica. Quem pode dar 7%, pode dar 7,7%. A diferença era de R$600 milhões. É lógico que em ano eleitoral os parlamentares ficam mais sensíveis - disse Paulinho, citando números diferentes dos apresentados pela área econômica do governo.

Na avaliação da CUT, o aumento é positivo, mas o veto ao fator previdenciário, não. "A manutenção do fator previdenciário, a nosso ver negativa, faz a CUT continuar na luta e pela extinção desse perverso mecanismo", informou a central.

Também por meio de nota, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) manifestou sua "estranheza" em relação à "incongruência com que o governo do presidente Lula trata os aposentados brasileiros". A central, porém, elogia o presidente: "O presidente Lula mostrou coerência com seus vínculos com a classe trabalhadora e com os trabalhadores que se aposentaram após dedicar a vida inteira ao Brasil". No entanto, também criticou a manutenção do fator previdenciário. "Ao manter o fator previdenciário, que pode gerar prejuízos de até R$1.000 aos trabalhadores ainda na ativa prestes a se aposentar, o governo do presidente Lula mostra falta de coerência".