Título: PT articula para duplicar bancada no Senado
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Fonte: O Globo, 20/06/2010, O País, p. 9

Partido tenta avançar em espaços onde governo tem minoria

SÃO PAULO. Ao mesmo tempo em que coordena sacrifícios nos estados em nome da coalização nacional pró-Dilma Rousseff, o PT se concentra em uma estratégia paralela: duplicar a bancada no Senado, um dos últimos redutos da oposição e fonte de pesadas faturas políticas cobradas por aliados. Hoje, o PT tem nove senadores, dos quais só dois têm mandato até 2014. Para estas eleições, o partido escalou 20 candidatos ¿ entre eles Jorge Viana (AC), Fernando Pimentel (MG), Wellington Dias (PI) e Marta Suplicy (SP) ¿ para tentar compor um time de pesospesados e mudar a correlação de forças na Casa.

A manobra, nas contas conservadoras do partido, deve levar 16 ou 17 petistas ao Senado, entre eles, os dois suplentes dos senadores Alfredo Nascimento (PR) e Renato Casagrande (PSB), que hoje lideram as disputas para os governos de seus estados, Amazonas e Espírito Santo, respectivamente. A meta é chegar a uma bancada de 18.

Eduardo Suplicy (SP) permanece com mandato no Senado e Tião Viana (AC) concorre ao governo do estado, mas também deixa um suplente petista.

Número de candidatos ao governo caiu de 20 para 11 O PT avalia que, ao desviar políticos ¿cabeça de chapa¿ para o Senado, qualificou sua participação.

A sigla reduziu de 20 para 11 os candidatos a governador, em comparação com 2006, mas pretende repetir o desempenho, com pelo menos cinco vagas.

¿ É a Casa em que temos tido mais problemas ¿ disse José Eduardo Dutra, presidente do PT. ¿ Abrimos mão da cabeça de chapa nos estados pensando nisso, deslocando quem poderia concorrer ao governo para garantir vaga no Senado. Convencemos o Wellington Dias (PI), que não iria disputar.

Hoje, DEM e PSDB têm 28 cadeiras no Senado, sendo 11 de mandatos até 2014. As duas siglas, com ajuda de traições na base aliada, causam frequentes dores de cabeça ao governo. Entre as recentes derrotas do governo, estão o projeto de partilha do pré-sal e a extinção da CPMF. A casa também foi palco para a criação de uma incômoda CPI da Petrobras, que mobilizou esforços da base para evitar um ¿holofote eleitoral¿.

A CPI das ONGs, em mãos da oposição, é acionada de tempos em tempos para aprovar requerimentos incômodos, como a convocação de dirigentes da Bancoop, cooperativa dos bancários de São Paulo, suspeita de desviar recursos para o PT. A oposição aproveita cochilos dos governistas, para aprovar requerimentos desgastantes ¿ um deles foi o depoimento na Comissão de Constituição e Justiça da ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira. Ela indicou que Dilma, então ministra, teria cometido ingerência em benefício de aliados.