Título: Senadores viajados
Autor: Rocha, Marcelo; Torres, Izabelle
Fonte: Correio Braziliense, 23/06/2009, Política, p. 4

Liberações de recursos para transporte de parlamentares e servidores crescem 62,5% de janeiro de 2003 ao fim de 2008

As despesas com transporte de parlamentares e servidores do Senado aumentaram 62,5% em seis anos. É o que revelam os dados da execução orçamentária da Casa consultados pelo Correio. De janeiro de 2003 até a última quinta-feira, a instituição desembolsou R$ 125,5 milhões ¿ uma média de R$ 20 mil por servidor, se forem considerados os 81 senadores e os 6,2 mil funcionários. Somente neste ano, de acordo com a contabilidade oficial, foram desembolsados R$ 9 milhões.

As passagens para o exterior ajudaram a turbinar a conta. Fecharam 2008 em R$ 3 milhões, contra os R$ 867 mil do início da série histórica. E têm sido uma dificuldade a mais para derrubar os gastos da Casa, promessa de José Sarney (PMDB-AP) assim que assumiu a presidência, em fevereiro. De 1º de janeiro até a semana passada, os trechos internacionais já haviam consumido R$ 1,4 milhão dos cofres públicos. No período, as passagens nacionais se mantêm nos R$ 15 milhões.

Os dados mostram ainda uma mudança no perfil das despesas com transporte. Em 2003, o Senado desembolsou R$ 109 mil com a locação de transportes, contra os R$ 6,3 milhões do ano passado. A explicação está nos jatinhos alugados pelos senadores. Os parlamentares descobriram que podiam ampliar a agenda de compromissos nos estados utilizando dinheiro público.

Deputados Na Câmara, as passagens aéreas representaram gastos de R$ 172 milhões desde 2007, início da atual legislatura. Parte dessas despesas sequer saíram das cotas de bilhetes aéreos dos parlamentares, que pediram reembolso de compras realizadas por eles.

Na prática, em vez de a emissão das passagens ser feita em operações que envolvam os gabinetes e as companhias aéreas, o próprio deputado realizou a compra e pediu ressarcimento. Nesses casos, a devolução do valor gasto é feita por meio de depósitos direto nas contas bancárias.

As quantias milionárias movimentadas pela cota de passagens foram alvo de inúmeras denúncias de mau uso. Ontem, a comissão de sindicância formada para apurar as irregularidades deveria ter concluído as investigações, mas pediu mais trinta dias de prazo. O relatório será encaminhado ao presidente Michel Temer (PMDB-SP).

ESCALAS

O gasto no período entre janeiro de 2003 e a última quinta-feira soma R$ 125,5 milhões, média de R$ 20 mil por servidor. O desembolso inclui passagens no país e no exterior, além da locação de transporte:

2003 R$ 16.149.988,96 2004 R$ 13.678.196,94 2005 R$ 17.323.027,71 2006 R$ 19.153.320,27 2007 R$ 23.949.901,88 2008 R$ 26.245.597,05 2009 R$ 9.010.905,42* TOTAL R$ 125.496.896,23