Título: Próximo do patamar mínimo do desemprego
Autor: Cássia Almeida, Wagner Gomes
Fonte: O Globo, 20/06/2010, Economia, p. 28

A taxa de desemprego deve chegar ao fim deste ano abaixo de 6% da força de trabalho.

Um percentual que está próximo do patamar mínimo de desemprego no Brasil, na opinião do economista Lauro Ramos, especialista em mercado de trabalho, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O GLOBO: Estamos chegando ao pleno emprego no Brasil? LAURO RAMOS: Pelo conceito, o que determina o piso no nível de emprego é quando o mercado de trabalho começa a gerar inflação.

As pressões inflacionárias que estamos vendo agora não vêm do mercado de trabalho. Mas estamos bastante próximos dos patamares mínimos para a taxa de desemprego.

É difícil ficar muito mais baixo do que isso.

Por que ainda temos ainda esse contingente de mais de um milhão de desempregados? RAMOS: O mercado está mais atraente, portanto mais gente entra em busca de emprego.

Além disso, há o desemprego crônico. Há pessoas que estão fadadas ao desemprego.

Têm pouco estudo, mais idade, pouca disponibilidade de horário. Há uma série de circunstâncias que afetam a empregabilidade do indivíduo. E, também, diante do mercado mais aquecido, os trabalhadores exercem seu direito de procurar ocupações melhores.

Os jovens representam ainda uma parcela grande dos desempregados. RAMOS: Os jovens tendem a ser mais eletivos.

Como muitos ainda estudam, têm pouca flexibilidade de horário. E, nesse universo de desempregados, há uma certa inércia.

Não muda rapidamente.

A subocupação por insuficiência de renda (quem ganha menos de um salário mínimo por hora trabalhada) continua atingindo 18% dos ocupados, mesmo com a economia aquecida. RAMOS: A valorização do salário mínimo distorce um pouco esse indicador. É como se aumentasse sempre a linha de pobreza. Por isso, não há grandes mudanças.