Título: Cenário deixado por chuvas é de destruição
Autor: Maltchik, Roberto; Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 24/06/2010, O País, p. 12

Alagoas e Pernambuco têm 42 mortos e mais de 600 desaparecidos; 50 mil casas foram destruídas na região

BRASÍLIA. Balanço divulgado ontem pela Secretaria Nacional de Defesa Civil contabilizava até a noite de ontem 42 mortos e 116.189 pessoas desabrigadas ou desalojadas em Alagoas e Pernambuco, os dois estados atingidos pelas enchentes no Nordeste. A situação é mais grave em Alagoas.

Além das 29 mortes, 607 moradores continuam desaparecidos.

No estado, são 26.141 desabrigados e outros 47.687 desalojados.

Em Pernambuco, há quase 18 mil desabrigados Em Pernambuco, foram registradas 13 mortes, mas nenhum desaparecido. Os desabrigados totalizam 17.809 pessoas e outras 24.552 estão desalojadas.

A dimensão da tragédia também se revela em outros números: 60 pontes e 80 quilômetros da rodovia BR101 foram destruídos.

Diante dos estragos, que podem ter destruído até 50 mil casas, o governo se prepara para uma das operações mais difíceis já realizadas no Brasil com o objetivo de reconstruir áreas afetadas por desastres naturais, que envolverá o envio de sete helicópteros e quatro pontes móveis pelo Exército.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará hoje as regiões mais atingidas.

Na avaliação do Palácio do Planalto, a ação de emergência demandará manobras mais complexas e mais demoradas em comparação às adotadas em Santa Catarina, no final de 2008, quando 135 pessoas morreram e outras 33 mil ficaram desalojadas ou desabrigadas em razão de tempestades, que também liquidaram cidades inteiras.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, indicou que, se o número de casas destruídas for confirmado, o governo terá de ampliar o montante inicialmente previsto para enfrentar o problema. Na terça-feira, o governo anunciou a liberação imediata de R$ 50 milhões para ações de salvamento e resgate, e de outros R$ 50 milhões para reconstrução de infraestrutura demolida pela enxurrada.

¿ Fala-se em 50 mil casas destruídas. O levantamento vai mostrar, na sequência, se é isso mesmo ¿ afirmou.

Conforme avaliação dos técnicos que fazem relatos diários ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a população afetada tem pouca capacidade de reação e infraestrutura para enfrentar desastres. Antes da tragédia, a presença de médicos, hospitais e abrigos já era escassa na região.

¿ A população do Nordeste está preparada para desastres com a seca. Não para desastres com cheias ¿ afirmou a secretária nacional de Defesa Civil, Ivone Valente