Título: Cardápio do brasileiro ficou mais sofisticado
Autor: Nogueira, Danielle
Fonte: O Globo, 24/06/2010, Economia, p. 25

Comida pronta ganha espaço. Mas, para analistas, alimentação não está mais saudável O cardápio do brasileiro ficou mais sofisticado. Com o aumento do poder aquisitivo, o acesso a itens mais caros se ampliou, elevando a fatia dos gastos com carnes e alimentos preparados, por exemplo, entre 2003 e 2009, segundo dados da última Pesquisa de Orçamentos Familiares, divulgada ontem pelo IBGE. Por outro lado, despesas com itens básicos, como arroz e feijão, caíram.

Especialistas alertam, porém, que a sofisticação não é necessariamente sinônimo de alimentação saudável. Ela revela uma transição, que privilegia refeições rápidas e fora de casa.

Em 2003, os gastos com carnes e pescados respondiam por 18,3% das despesas com alimentação domiciliar. Em 2009, subiram para 21,9%. Boa parte da alta é atribuída ao efeito preço.

Entre 2003 e 2009, os preços desses itens subiram 51,8%, acima da inflação de alimentos do período (39,9%).

Gastos com alimentação na rua sobem de 24% para 31% Já os gastos com arroz e feijão caíram de 10,4% para 8%.

¿ Acesso a itens caros não significa alimentação de qualidade ¿ frisa Marcia Quintslr, Coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Açúcares e derivados, bem como óleos e gorduras, perderam espaço na mesa. Para Inês de Castro, do Departamento de Nutrição Social da Uerj, isso mostra que as pessoas estão deixando de cozinhar: ¿ Esses alimentos são ingredientes.

Se seu consumo cai, isso indica que estamos passando menos tempo na cozinha.

A alta no gasto com alimentos preparados, de 2,3% para 2,9%, corrobora a análise. E a despesa com alimentação na rua cresceu, de 24,1% para 31,1%. A boa notícia é que gastos com frutas e legumes cresceram, de 4,2% para 4,6% e de 3% para 3,3%. A analista contábil Fernanda Calvente, de 25 anos, é prova disso: ¿ Como fora com frequência e sempre opto pela salada. (Danielle Nogueira)