Título: Ameaças do tráfico em outras áreas
Autor: Damasceno, Natanael
Fonte: O Globo, 27/06/2010, O País, p. 14

Enquanto a campanha ganha novos ares nas favelas com UPPs, as ameaças ainda assombram quem mora em áreas dominadas pelo tráfico ou pelas milícias. Na Rocinha, onde o tráfico ainda manda, um cabo eleitoral afirma que ninguém planeja fazer campanha no local.

¿ Em 2008, a ordem era não fazer. Este ano, ainda não há avisos nesse sentido, mas ninguém quer fazer campanha por aqui ¿ disse o militante, pedindo para ficar anônimo.

Nas áreas dominadas por milícias, o temor é semelhante.

Um colaborador do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), presidente da CPI das Milícias criada pela Alerj em 2008, está impedido de trabalhar. Morador da Zona Oeste, corre o risco de ser reconhecido.

¿ Não vamos pôr sua vida em risco. Estamos estudando como aproveitálo na campanha de forma que ele não apareça ao meu lado ¿ disse o parlamentar, que, ameaçado de morte, anda acompanhado de seguranças.

Freixo diz que, se em 2008 a CPI identificou 171 áreas dominadas por milícias, em 2010 o número pode ser maior. Fontes da polícia afirmam que, apesar da prisão dos chefes, as quadrilhas ainda estão lá e vão dar trabalho.

¿ Eles não estão desarticulados.

Eles estão presos, mas vão querer influenciar as eleições e têm como fazer isso. Em 2008, contrataram 20 mil pessoas para fazer boca de urna para um de seus candidatos.

Não tem como não ganhar ¿ disse um policial que atua no combate às quadrilhas.