Título: Dilma divide palanque com Geddel
Autor: Barcelos, Gisele; Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 22/06/2010, O País, p. 10

No fim de semana, ela voltará à Bahia para dar apoio também a Wagner

SALVADOR. Ao participar ontem da convenção do PMDB da Bahia, que homologou a candidatura de Geddel Vieira Lima a governador, a petista Dilma Rousseff deu mostras de como será seu discurso em estados onde subirá em dois palanques: elogiar os dois candidatos a governador sem pedir votos. Foi o que ocorreu na festa peemedebista baiana. Diante da plateia de milhares de pessoas, entre prefeitos, líderes e cabos eleitorais dos 11 partidos que formam a aliança encabeçada pelo PMDB, ela disse: ¿ O Geddel foi um ministro muito importante no governo do presidente Lula, fez um dos projetos mais importantes do país, a integração (transposição) do Rio Francisco.

Nenhuma palavra explícita recomendando que os eleitores votassem nele. O máximo foi dizer que qualquer dos dois candidatos ¿ Geddel ou o petista Jaques Wagner ¿ será bem tratado pelo Palácio do Planalto, caso ela seja presidente: ¿ Não haverá nenhuma discriminação com a Bahia, seja quem seja eleito (sic).

Além do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), vice na chapa de Dilma, estiveram presentes o líder do PMDB Henrique Alves (RN) e o ex-governador Moreira Franco. Após os discursos, numa tumultuada entrevista coletiva, Dilma voltou a afirmar que o duplo palanque não lhe trará dificuldades na Bahia: ¿ Jaques Wagner é militante do mesmo partido que eu, e o Geddel foi ministro do mesmo governo. Não estamos em palanques opostos nacionalmente, ambos estão me apoiando. Fico muito feliz na Bahia de ter um amplo leque de forças me apoiando. Então, a preocupação aqui não é minha, tinha que ser deles (seus adversários).

Ela lamentou que na Bahia não tenha ocorrido a aliança nacional entre PT e PMDB, admitindo o fracasso nas negociações.

¿ Fizemos essa tentativa, infelizmente não fomos bem sucedidos.

Quando falo nós, não foi só eu que me empenhei, o presidente Lula também. A gente sempre preferiu um palanque só; agora, não foi isso que aconteceu, vamos lidar com esse fato.

Dilma pareceu perturbada quando indagada sobre críticas tucanas de que não teria experiência para governar: ¿ Eu era tida como o braço esquerdo e direito do presidente Lula, participei, de junho de 2005 até o dia da minha saída, da coordenação do governo. Não houve um projeto no segundo mandato e no fim do primeiro que não tenha sido eu a coordenar.

Alguns não só coordenei, como elaborei. Exemplo: Minha Casa Minha Vida, o PAC, todos os reajustes e modificações do Bolsa Família, além do Luz Para Todos.

Posso não ter experiência de governar como eles governaram com estagnação, desigualdade, desemprego. Agora, governar gerando emprego, distribuição de renda, tirando 24 milhões da pobreza e 31 milhões elevando à classe média, sei muito bem.

Dilma ponderou que o fato de não ter experiência eleitoral pode ser um ponto positivo, ¿significa um ar novo, uma forma nova de fazer política¿. Na rápida visita a Salvador, ela não se encontrou com Wagner. Vai encontrálo domingo, na convenção estadual do PT.

Geddel preferiu conter o tom do discurso anti-Jaques Wagner na presença de Dilma. Disse que, eleito, sua administração será de muito trabalho. A jornalistas, disse acreditar que o eleitor baiano não vai se confundir tendo ele e Wagner, adversários, apoiando Dilma.