Título: Siderúrgica da Vale no Pará permitirá economia de US$ 300 milhões ao país
Autor: Nogueira, Danielle
Fonte: O Globo, 22/06/2010, Economia, p. 22

Parte do aço ficará no Brasil, reduzindo a importação. Lula visita obras hoje

RIO e BRASÍLIA. Quatro dias depois de inaugurar a ThyssenKrupp CSA, no Rio, a Vale inicia hoje as obras de terraplenagem de mais uma siderúrgica: a Aço Laminados do Pará (Alpa), que recebeu licença de instalação semana passada. O empreendimento, orçado em US$ 2,7 bilhões, se diferencia dos demais projetos da Vale na área de siderurgia por ter um parceiro nacional e por destinar parcialmente a produção ao mercado interno, o que reduzirá a importação de aço, proporcionando uma economia de cerca de US$ 300 milhões por ano ao país.

Com a licença de instalação, fica faltando apenas a de operação.

A previsão é que o complexo siderúrgico, que será erguido em Marabá, a 485 quilômetros de Belém, comece a funcionar em 2013, criando 5.300 empregos diretos.

O presidente da mineradora, Roger Agnelli, estará em Marabá hoje, ao lado do presidente Luiz lnácio Lula da Silva, reafirmando o entendimento entre os dois.

Lula vinha pressionado Agnelli a investir mais em siderurgia no Brasil. Na última sexta-feira, os dois estiveram juntos na inauguração da ThyssenKrupp CSA, siderúrgica da Vale em parceria com os alemães. Ontem, em seu programa semanal de rádio, Lula deu mais um sinal de confiança nos investimentos siderúrgicos no país: ¿ O Brasil voltou a crescer forte, a Petrobras voltou a investir muito, a indústria naval está recuperada, a indústria automobilística está crescendo.

Portanto, vamos precisar de muito aço, e eu acho que é um novo ciclo de desenvolvimento do setor siderúrgico no Brasil.

A capacidade instalada da Alpa será de 2,5 milhões de placas de aço por ano. Desse total, 1,750 milhão de tonelada irá para a California Steel, siderúrgica que a Vale mantém com a japonesa JFE Steel nos EUA. As 750 mil toneladas restantes serão laminadas no Brasil em uma unidade do próprio complexo. Essa etapa da produção é feita integralmente no exterior nos outros três projetos da Vale. Os quatro projetos somam US$ 21 bilhões em investimentos.

¿ A Alpa é diferente porque tem laminação no Brasil. Ela se mostra viável porque há um nicho de mercado que não é atingido pelas usinas brasileiras ¿ diz o diretor de Siderurgia da Vale, Aristides Corbellini.

Aço Cearense terá 75% em uma das unidades do projeto Na Alpa, a Vale terá 100% da siderúrgica, que transforma o minério de ferro em placas de aço, e 25% na laminadora, unidade que converte as placas em bobinas, como são chamadas as finas chapas de aço. Essas bobinas são usadas na construção civil, além de na fabricação de aparelhos de linha branca e de móveis. O grupo brasileiro Aço Cearense terá os 75% restantes da laminadora. Esta vai consumir US$ 750 mil do investimento total de US$ 2,7 bilhões.

Com sede em Fortaleza, a Aço Cearense é a maior distribuidora independente de aço no Brasil e a maior importadora de aço plano (bobinas) do país. Segundo o vice-presidente do grupo, Ian Corrêa, a previsão para este ano é que a empresa importe 450 mil toneladas de bobinas, alta de 25% em relação a 2009. O objetivo, com a Alpa, é substituir integralmente o volume importado.

Se o complexo já tivesse saído do papel, o país economizaria US$ 300 milhões em divisas em 2010, estima Corrêa.

¿ Por questões de preço, tínhamos dificuldade com o fornecimento doméstico. Por isso, buscávamos a matéria-prima no exterior. Agora, poderemos suprir nossa demanda com produção nacional ¿ diz Corrêa