Título: Meirelles: BC não será complacente com crédito
Autor: Spitz, Clarice
Fonte: O Globo, 25/06/2010, Economia, p. 29

LUCERNA, Suíça. O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse ontem em Lucerna, na Suíça, que o órgão ¿não é e não será complacente¿ com a expansão do crédito, que bateu recorde em maio e nos primeiros dias de junho, atingindo R$ 1,5 trilhão, 45,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

Ele frisou, porém, que não é intenção nem papel do BC controlar a expansão do crédito que, disse, ocorre por um bom motivo ¿ porque o país está crescendo ¿, e sim monitorar riscos e ¿fazer com que essa expansão se dê em base segura¿.

¿ O BC não é e não será complacente com a expansão do crédito ¿ disse Meirelles.

Ao ser perguntado se a atenção ao aumento do crédito é por que isso provoca inflação, Meirelles respondeu que não: ¿ É porque oferece risco prudencial, de perda de crédito e crise sistêmica. Essa é a função da regulação prudencial. A função do controle de inflação é de política monetária através da taxa básica (de juros).

Meirelles, que participou de uma reunião de bancos centrais, lembrou que a expansão no crédito tem ocorrido desde 2003, passando de 22% para mais de 45% do PIB, graças à estabilidade e ao crescimento do país.

¿ O importante não é olhar somente a taxa de expansão: é olhar o risco do sistema, que é o que não se olhou na pré-crise de 2007 em muitos países.

Para ele, o Brasil não precisa hoje de controle do fluxo de capital estrangeiro ¿ como recomendou o FMI aos emergentes ¿, pois há espaço para a compra de reservas. (Deborah Berlinck, correspondente)