Título: TSE diz que mudança ameaça eleição
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 25/06/2010, O País, p. 16

BRASÍLIA. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, teme pela segurança do voto nas urnas eletrônicas, nas eleições de outubro, se o Congresso confirmar a mudança na ordem de exposição dos candidatos na tela.

Projeto neste sentido foi aprovado anteontem no plenário do Câmara e já está no Senado para apreciação. Lewandowski enviou carta ontem ao presidente da CCJ do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), e aos líderes dos partidos, alertando que, caso a Casa aprove projeto do deputado Milton Monti (PMDBSP), a segurança das eleições ficará inviabilizada.

Desde 2008, conforme resolução do TSE, os candidatos são listados do menor para o maior cargo: deputado estadual (ou distrital), seguido de deputado federal, senador, governador e presidente da República. Mas a Câmara quer voltar à forma original, onde aparece antes o candidato a deputado federal.

A justificativa do tribunal para trocar a ordem foi a ¿questão de lógica¿, apresentando ao eleitor primeiramente o candidato das eleições proporcionais (deputados), seguido dos candidatos das eleições majoritárias (senador, governador e presidente). Outro argumento é que os candidatos a deputado estadual têm números com mais dígitos (cinco), caindo para quatro dígitos na escolha do deputado federal, três para senador e dois para governador e presidente.

Lewandowski diz que a nova alteração significaria submeter as urnas novamente a testes de segurança, e que não há tempo hábil. Mudar a ordem dos candidatos implicaria alterar três softwares do sistema eletrônico: o de votação; o de totalização de votos, e o de divulgação dos resultados. As 400 mil urnas já estão preparadas para a votação desta forma.

Alterá-las ¿causaria impacto e atrasos significativos no cronograma de programação das urnas¿, segundo parecer do secretáriogeral do TSE. ¿Constitui fator de perturbação ao pleito que se avizinha¿, avisa o TSE na carta aos senadores. Além disso, o tribunal já determinou a impressão de 54,2 milhões de folhetos e 1 milhão de cartazes explicativos, ao custo de R$ 500 mil.