Título: NA VÉSPERA DA CÚPULA, YUAN É RECORDE
Autor: Eichenberg, Fernando; Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 26/06/2010, Economia, p. 26

Moeda sobe 0,5% em 1 semana e deve desviar foco do encontro no Canadá

Do New York Times

HONG KONG. Enquanto os líderes mundiais começavam a chegar ontem a Toronto, no Canadá, para discutir, na reunião do G-20 deste fim de semana, uma forma de recuperar a economia mundial, a China permitiu que o yuan fechasse ontem em seu maior patamar contra o dólar desde 2005, quando o governo reformulou sua política cambial. O BC chinês estabeleceu sua taxa de referência diária para o yuan a 6,7896 por dólar no quinto pregão desde que Pequim prometeu dar maior flexibilidade à divisa no fim de semana passado. O yuan acabou o dia cotado próximo deste patamar, somando uma valorização 0,5% contra o dólar ao longo da última semana.

Embora possa parecer pouco, as mudanças cambiais foram bastante significativas. Pequim vem sofrendo pressões do exterior para deixar o yuan flutuar ante o dólar, e sua decisão de começar pelo menos com uma pequena valorização poderá aliviar as reclamações, desviando o holofote da sensível questão do câmbio chinês na reunião do G-20.

Mudança no câmbio é recebida com cautela

Antes de a China prometer dar maior flexibilidade a sua moeda, a questão estava pautada para dominar as conversações do G-20. Agora, os líderes devem se concentrar na crise fiscal na Europa e na regulação financeira.

Até agora, a mudança na política chinesa recebeu tímidos elogios. O presidente dos EUA, Barack Obama, disse na quinta-feira, que a mudança representava um progresso, mas ainda era muito cedo para dizer se a eventual valorização do yuan seria suficiente para reequilibrar a economia global. Muitos economistas e políticos americanos argumentam que o valor do yuan ¿ que foi mantido inalterado pelas autoridades monetárias chinesas nos últimos dois anos para estimular a economia do país durante a crise global ¿ está artificialmente baixo, o que dá aos exportadores chineses uma vantagem desleal sobre as indústrias nos EUA.

Pequim sempre sinalizou que qualquer valorização será gradual e será feita em seus próprios termos, e não em função de pressões internacionais. E no anúncio da semana passada, a China pareceu reforçar esse argumento.