Título: Poupança tem captação recorde de R$12,2 bi
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Fonte: O Globo, 07/07/2010, Economia, p. 25

Resultado no semestre é o melhor dos últimos 15 anos, e o de junho é o maior desde 2002

Com emprego e renda em alta, o brasileiro está conseguindo poupar mais do que nunca. De acordo com dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC), a caderneta de poupança registrou em junho captação líquida de R$4,179 bilhões, o melhor resultado do ano e que ajudou a bater recorde histórico no acumulado do primeiro semestre: R$12,242 bilhões.

A cifra já é a quinta melhor em anos fechados de toda a série histórica da autoridade monetária, que começou em 1995, com a implantação do real. Junho passado foi o melhor resultado para esse mês desde 2002, quando os depósitos superaram os saques em R$5,293 bilhões. No último mês, os depósitos somaram R$95,592 bilhões, enquanto as retiradas foram de R$91,414 bilhões. Ainda segundo o BC, com a forte procura, o saldo total da poupança fechou junho em R$340,817 bilhões.

Melhora na renda explica movimento para poupança

A melhora na renda da população brasileira, impulsionada sobretudo pelo maior nível de emprego, é o principal fator que explica esse movimento para a poupança. A aplicação é a mais popular do país e atrai, principalmente, as pessoas de menor renda.

A caderneta é livre do pagamento de Imposto de Renda (IR), mas sua rentabilidade é baixa. Os ganhos são fixados em 0,5% ao mês, mais a variação da Taxa Referencial (TR), que hoje está praticamente zerada. Por isso, ao ano, o rendimento da aplicação gira em torno de 6,5%.

Mesmo assim, a poupança não para de atrair interessados e deve continuar assim. Em maio, por exemplo, a procura já havia sido recorde para o mês, com captação positiva de R$2,121 bilhões. O montante já era bastante próximo ao de janeiro - com entradas líquidas de R$2,619 bilhões -, período que tradicionalmente recebe mais recursos, por causa do pagamento do décimo terceiro salário.

Nem mesmo a tendência de alta da taxa básica de juros (Selic), hoje a 10,25% ao ano e com expectativas de fechar 2010 acima de 12%, está impedindo a maior procura pela caderneta. A Selic é a base de remuneração dos títulos públicos que, por sua vez, compõem boa parte das carteiras dos fundos de investimentos DI e renda fixa, cuja remuneração tende a crescer.

De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a captação líquida em 30 dias nos fundos de renda fixa, até ontem, estava em R$1,483 bilhão. Já os fundos referenciados DI, no mesmo período, tinham depósitos superiores a saques em R$2,720 bilhões.