Título: Governo adia votação do projeto do pré-sal
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 07/07/2010, Economia, p. 23

Objetivo é evitar desgaste político com veto a emenda do senador Pedro Simon Preocupado com o desgaste político de ter de vetar a emenda que revê a atual distribuição de royalties de petróleo, do senador Pedro Simon (PMDB-RS), o governo jogou a toalha e adiou para depois das eleições a votação do projeto que cria o marco regulatório do pré-sal. Dessa forma, não deverá ocorrer mais nenhuma rodada de licitação de novos campos de petróleo este ano sob as novas regras do setor. Caso ocorra de fato a 11ª rodada da Agência Nacional do Petróleo, prevista para novembro, ela será feita em áreas fora do pré-sal, sob regime de concessão.

A decisão de transferir para novembro a discussão foi tomada na tarde de ontem, em reunião do presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP) e candidato a vice na chapa da petista Dilma Rousseff, e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

- O veto seria ruim para a (campanha da candidata) Dilma - diz um senador.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já deu sinais de que pretende vetar o dispositivo, para evitar sérios danos às economias do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Se o fizer, vai se desgastar com os demais estados e municípios do país, que esperam elevação da sua receita com a emenda. Se não vetar, o problema passa a ser com os dois estados do Sudeste, governados pelo PMDB.

Coube ao líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), comunicar a versão oficial da decisão. Segundo ele, o adiamento se deve à falta de deputados suficientes no parlamento nesta e nas próximas semanas. Como o recesso deverá começar no próximo dia 16, os líderes não teriam como atrair deputados para o Congresso antes das eleições.

- Com a oposição fazendo a oposição selvagem e bruta, precisamos ter entre 300 e 320 deputados da base (governista) no plenário. A oposição paralisou o processo na casa - disse Vaccarezza.

Segundo líderes partidários, a votação após as eleições é um risco, pois dependerá de mobilização e interesse dos parlamentares. O resultado da votação e o percentual de deputados reeleitos influirão no processo.