Título: Educação: analistas criticam salários
Autor: Damasceno, Natanael
Fonte: O Globo, 07/07/2010, O País, p. 14

Gabeira culpa gestão de Cabral por fraco desempenho do estado no Ideb. Governador fala em décadas de ação equivocada

O péssimo desempenho da rede estadual de educação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2009, divulgado no último fim de semana pelo Ministério da Educação, mostrou o desafio que a educação representará para quem vencer as eleições para o governo do estado. Para especialistas, a carência de professores e a defasagem salarial estão entre os problemas que comprometem a eficiência da rede. O governador Sérgio Cabral (PMDB) e o deputado federal Fernando Gabeira (PV), os dois principais candidatos ao governo, concordam em parte com a análise. Mas divergem sobre a melhor solução para a questão. Eles elegeram o tema como um dos principais do programa de governo que registraram no Tribunal Regional Eleitoral. Cabral prometeu reajustes anuais, enquanto Gabeira afirmou que investirá em gestão.

Gabeira afirma que o fraco desempenho das escolas estaduais é resultado das políticas do atual governo. Ele diz que é preciso investir na gestão e acusa o governo de usar politicamente as escolas, escolhendo diretores e coordenadores por critérios político-partidários:

- Hoje o que acontece é que os colégios de ensino médio são todos dominados por deputados. Isso é fator de atraso.

Cabral nega ser o responsável pelo baixo desempenho das escolas. Para ele, as baixas notas da rede são resultado de décadas de políticas equivocadas:

- Quando assumimos (em 2007), não tínhamos a ilusão de que os problemas seriam resolvidos a curto prazo. É preciso um tempo mínimo para que mude. Quem promete solução imediata está mentindo.

Especialistas e representantes da categoria dizem que os problemas herdados de outras gestões não justificam o desempenho no Ideb. Professora da Uerj, a pedagoga Bertha do Valle diz que o salário e a formação dos docentes são importantes. E que investir na carreira dos professores deveria ser prioridade. Na defensiva, Cabral disse que fez investimentos no primeiro mandato. Mas reconheceu que não é suficiente. Ele prometeu, num eventual segundo mandato, dar reajustes anuais à classe e implantar um plano de metas.

Já Gabeira prometeu investir no processo de municipalização do ensino fundamental, melhorar a qualidade do nível médio, incorporar os avanços tecnológicos ao cotidiano das escolas, ampliar o ensino técnico e melhorar as condições de trabalho e a formação dos professores:

- Acho que a questão do reajuste é importante, mas não é só isso. Ela tem que ser inserida num pacote de soluções, pois a a experiência mostra que não basta aumentar o salário.