Título: Campanha acirrada aumenta gastos
Autor: Maltchik, Roberto; Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 07/07/2010, O País, p. 12

Nos dez maiores colégios eleitorais, candidatos ao governo vão gastar 65% a mais do que os presidenciáveis

BRASÍLIA. Protagonistas de disputas acirradas, os principais candidatos aos governos estaduais nos dez maiores colégios eleitorais do país projetam gastos que alcançam R$765 milhões, 65% a mais do que os valores que devem ser utilizados na disputa pela Presidência da República. Uma das campanhas mais caras acontecerá no Ceará, onde os seis principais candidatos estimam gastar R$124 milhões, o que significa um custo de R$21 por cada eleitor cearense. O estado está em sétimo lugar em número de eleitores, mas só fica atrás de São Paulo (R$159 milhões) na estimativa de gastos da eleição.

Se os candidatos a governador gastarem tudo que estão estimando no dez estados, que somam mais de 104 milhões de eleitores, o custo médio de cada voto será de R$7,30.

No Ceará, quem aposta mais alto é o ex-senador Lúcio Alcântara (PR), que se propõe a gastar R$50 milhões nos três meses de campanha. Mesmo conhecido do eleitorado, o candidato Cid Gomes (PSB), atual governador, pretende gastar R$39 milhões, mais do que os tucanos, que precisam apresentar aos eleitores o ainda desconhecido do grande público Marcos Cals, indicado pelo PSDB depois do rompimento do partido com a candidatura governista. Para essa campanha, os tucanos preveem gastar R$30 milhões.

- No Ceará existe uma disputa muito acirrada, com o rompimento de alianças históricas. Agora, há também uma disputa pelo apoio do empresariado. Os empresários, por sua vez, acabam apostando em mais de um candidato. E o valor da campanha fica mais alto - afirma David Fleischer, cientista político da Universidade de Brasília. (UnB).

Candidatos ao governo de SP vão gastar R$156 milhões

Maior colégio eleitoral do país, São Paulo contabiliza R$159 milhões nas quatro principais disputas ao Palácio dos Bandeirantes. Para prorrogar por mais um mandato os 12 anos do PSDB à frente do governo paulista, Geraldo Alckmin pretende gastar R$58 milhões, R$12 milhões a mais do que o petista Aloizio Mercadante, que prevê uma despesa de até R$46 milhões.

Na Bahia, a campanha poderá custar, no total, R$86,5 milhões. Quem mais se dispõe a gastar é o desafiante Geddel Vieira Lima (PMDB), que, para derrotar seu ex-aliado, o governador Jaques Wagner (PT), que concorre à reeleição, poderá injetar até R$30 milhões. Para continuar no cargo, Wagner estima investir até R$26 milhões.

Em Minas Gerais, as principais candidaturas poderão somar gastos de R$91 milhões. Os dois candidatos que lideram as pesquisas de intenção de votos, Antonio Anastasia (PSDB) e o ex-ministro Hélio Costa (PMDB), preveem gastar respectivamente R$35 milhões e R$36 milhões.

- Existe uma tendência de aumentar o dinheiro do "Caixa Um" (verbas para as quais há prestação de contas na Justiça). Os doadores tendem a aumentar sua participação oficial nas campanhas, o que fica bastante claro com esses números expressivos - avalia Fleischer.

No Rio, os dois líderes nas intenções de votos - Sérgio Cabral (PMDB) e Fernando Gabeira (PV) - registraram na Justiça Eleitoral um teto de gasto de R$50 milhões, R$25 milhões cada.

Informações estão registradas nos TREs

Essas informações foram registradas nos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) dos estados e abastecerão um sistema informatizado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Até ontem, o site do TSE já contava com os dados de 31 candidatos a governador e seus vices, 50 candidatos ao Senado, 459 candidatos à Câmara dos Deputados, 983 candidatos a deputado estadual e 773 candidatos a deputado distrital.