Título: Pressão de Lula e Lupi virou o jogo no Paraná
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 01/07/2010, O País, p. 13

ELEIÇÕES 2010

De um dia para o outro, Osmar Dias, irmão de Álvaro e que negociava com PSDB e PT, trocou tucanos por petistas

BRASÍLIA. Com dois negociadores fortes do outro lado - o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Trabalho, Carlos Lupi -, as cúpulas do PSDB e do DEM viram escapar na última hora a coligação com o senador Osmar Dias (PDT-PR) para compor um palanque forte para o tucano José Serra no Paraná. Dias vinha negociando com os dois lados há semanas. Além do assédio do PT, tinha promessa de espaço privilegiado na chapa do governador Beto Richa (PSDB) como candidato ao Senado.

Mas, com o desastrado episódio da indicação do irmão Álvaro Dias (PSDB-PR) para o cargo de vice de Serra, acabou ganhando força a negociação com o PT, que fechou o acordo com a promessa de apoio total a sua candidatura ao governo, tendo Gleisi Hoffman, mulher do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, como candidata ao Senado. Na véspera, Lupi foi despachado a Curitiba para pressionar Osmar Dias.

- Pode ser que Lula tenha entrado no circuito. Lá na conversa, na última hora, o Lupi pode ter ligado para o Lula e ele conversou com o Osmar - disse o secretário nacional de Comunicação do PT, o deputado paranaense André Vargas (PT).

- Vínhamos trabalhando esse acordo com o Osmar Dias há um ano - disse o presidente do PT, José Eduardo Dutra.

Para Vargas, seu partido foi mais competente na negociação com Osmar Dias, que sai numa frente ampla, dando no Sul um palanque super forte para Dilma. A frente, formada por sete partidos (PDT, PT, PMDB, PR, PRB, PSC, PCdoB), vai brigar com a candidatura de Beto Richa, com cinco partidos (PSDB, DEM, PP, PTB e PPS).

- Fomos mais rápidos na articulação. Eles piscaram primeiro - ironizou Vargas.

O secretário do PT concorda que Álvaro Dias foi usado e se deixou usar para forçar o acordo entre o PT e Osmar. Vargas contou que no fim de semana Osmar já estava pronto para fechar com o PT, mas pediu um tempo para conversar com a família sobre o fato de ter que partir para o enfrentamento contra o irmão.

- Também acho que o Álvaro foi usado, mas se deixou usar. Era muito estranho um cara do Sul ser o vice do Serra, não agregava nada - disse.

Vargas contou ainda que Lupi foi a Curitiba para uma conversa definitiva com Osmar.

- O Lupi avisou que ia ser uma conversa decisiva com o Osmar. Na base do ou vai ou racha. Ele (Osmar) não estava autorizado pelo partido a apoiar o Serra contra a Dilma. No fim de semana, estava pronto para acertar com o PT e o PMDB, e quando o Fernando Henrique entrou na parada, decidiu cair fora. Ele e o Álvaro assinaram uma CPI contra o FH. O que acham que ele ia recomendar? A saída do Álvaro, lógico - disse Vargas.