Título: Social ganhou força a partir de 2002, diz Dilma
Autor: Suwwan, Leila; Guedes, João
Fonte: O Globo, 07/07/2010, O País, p. 3

DILMA PARTICIPA de carreata em Porto Alegre: programa registrado no TSE foi "documento errado"

Em antecipação ao discurso dos adversários tucanos sobre a origem do Bolsa Família, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, usou seu primeiro discurso oficial de campanha ontem, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, para acusar os oponentes de considerar a questão social uma "estratégia" ou "artifício" eleitoral.

- Vou reiterar meu compromisso com a questão social, que foi e será sempre o que nos distingue das outras proposições e do meu adversário. Na questão social, nós temos um mundo e eles têm um outro mundo. Nós definimos uma estratégia de governo. Faz parte inerente dessa estratégia de governo, está no cerne da nossa estratégia de governo, e muitos definem apenas como uma tática eleitoral. Não há apenas diferença de ênfase, de tons e de cores, mas duas visões de mundo totalmente diferentes - disse Dilma, no discurso de agradecimento pela condecoração com a Medalha do Mérito Farroupilha.

A petista afirmou ainda que foi a partir da disputa eleitoral de 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva derrotou José Serra, que a questão social virou um verdadeiro foco do governo. Porém, ela não fez menção ao malsucedido começo do programa Fome Zero, nem às origens do Bolsa Família, que nasceu a partir da unificação de programas já existentes de distribuição de renda, como Bolsa Escola, Bolsa Saúde, Vale-Gás, e outros.

- Desde 2002, nós vínhamos dizendo que a questão social não pode ser vista como um apêndice de um programa de ação do governo. Um artefato eleitoral a ser esquecido e abandonado na primeira dificuldade. E nós provamos isso. Provamos que não só falamos, nós fizemos. Foi no meio da dificuldade que o Bolsa Família teve seu começo - disse.

Ontem, Serra firmou em Curitiba uma "Carta Social", onde se compromete a dar continuidade ao Bolsa Família e tentar pôr fim a boatos de que ele pretenderia encerrar o programa se for eleito. De acordo com sua coordenação de campanha, este assunto é um de seus pontos fracos nas pesquisas qualitativas internas.

Pouco depois, em entrevista, Dilma foi questionada sobre a confusão que sua campanha causou ao registrar anteontem no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o programa de governo que resumia as diretrizes do PT, mais radicais do que as aceitas pela aliança que a apoia. Segundo ela, o episódio foi um "erro", e o novo documento apresentado ainda será acrescido com sugestões dos aliados.

Sobre o programa efetivo de governo, Dilma afirmou que as diretrizes ainda serão incrementadas nas discussões com aliados. Segundo ela, há coisas do programa do PT com as quais ela não concorda.

- Nós somos uma campanha a presidente e ela é a soma da compreensão dos vários partidos que nos apoiam. Não só do PT. Tem coisas do PT que nós concordamos e tem coisas do PT que nós não concordamos - disse Dilma, em entrevista coletiva. - Apresentaram o programa do 4º Congresso do PT, de fevereiro, em vez de apresentar o programa da campanha. Não foi um erro de redação. Apresentaram o documento errado - completou.