Título: Dilma vai intensificar presença ao lado de Lula
Autor: Roxo, Gersonérgio
Fonte: O Globo, 05/07/2010, O País, p. 4
Candidatos à Presidência traçam estratégias para o início da campanha oficial
Camarotti e SMaria Lima, BRASÍLIA. Nesta nova fase da campanha, que começa oficialmente amanhã, a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, vai aumentar a presença em eventos de rua ao lado do presidente Lula. Com o ex-ministro Antônio Palocci quase como sua sombra, Dilma também vai se concentrar na preparação para os poucos debates dos quais aceitou participar.
- Serão poucos mas grandes comícios, com a massa que vai ver Lula, mais para o final (da campanha), nas grandes cidades - diz o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), um dos coordenadores da campanha de Dilma.
A petista vai investir nas viagens e caminhadas pelo interior do país. Esta semana vai para a rua o material gráfico: panfletos, banners com santinhos de Dilma ao lado de Lula e de outros candidatos. A coordenação pretende intensificar a presença de Lula a partir da propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV, na segunda quinzena de agosto.
O comitê central da campanha, que vem sendo preparado há cerca de três meses, será inaugurado dia 13 de julho. Toda a atual infraestrutura continua, menos o bunker de comunicação comandado até mês passado pelo jornalista Luiz Lanzetta, da QI 5 do Lago Sul, onde se denunciou a criação de dossiês contra o tucano José Serra.
- Dilma está em intenso treinamento para o confronto direto com o Serra. Serra tem mais experiência nessa área, mas isso não basta a ele. O Palocci assumirá como peça chave nessa fase - afirmou André Vargas, secretário de comunicação do PT.
PSDB e DEM querem descentralizar campanha
Na campanha de José Serra, integrantes do PSDB e do DEM querem ajustes emergenciais. Depois da superação da crise para escolha de vice, há a constatação de que os erros recentes foram cometidos, em parte, por conta de um centralismo muito forte do próprio Serra.
A escolha do deputado Indio da Costa (DEM-RJ) resolveu a crise da aliança com o DEM, mas ficaram sequelas regionais que precisam ser solucionadas. Chamou a atenção de aliados a forma improvisada da escolha do vice. O fato de Serra ter deixado para a última hora a definição explicitou dificuldades no palanque da oposição.
O DEM e os demais aliados (PPS e PTB) vão exigir espaço no comando da campanha e participar das decisões.
- Há necessidade de dividir responsabilidades na coordenação. Espero que esse episódio do vice possa ajudar nisso. Dilma cresceu por causa da propaganda do governo Lula. Em condições de igualdade, vamos estabelecer a comparação - diz o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN).
Na campanha oficial, reclamam tucanos e aliados, não é mais possível ter uma agenda de candidato indefinida. Agripino sugere a mobilização de prefeitos e a organização da agenda:
- As pessoas precisam saber quem é o Serra.
Faz parte da nova estratégia chamar Dilma para o debate:
- Será a fase de mostrar de fato os candidatos e seus atributos. E o eleitor reconhece que Serra tem mais atributos. Vamos dar mais visibilidade e estruturar a campanha do ponto de vista operacional e de comunicação - diz o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE).
Depois de um período errático, variando entre a posição de "Serrinha paz e amor" e a de ataques mais diretos à gestão petista, a cúpula tucana reconhece que não se deve partir para um enfrentamento com um governo que está muito bem avaliado. Do ponto de vista de densidade eleitoral, os tucanos consideram estratégico o reforço da campanha em Minas e no Rio. Uma das missões de Indio da Costa será ajustar o palanque no terceiro maior colégio eleitoral do país.
Marina quer o voto das mulheres pobres
Na campanha de Marina Silva, a estratégia é tentar conquistar o voto das mulheres pobres. Entre a classe média ligada às questões ambientais e os jovens, os outros dois nichos de eleitores definidos como público alvo pelos verdes, a avaliação é que não há grande espaço para crescimento. Desde dezembro de 2009, Marina oscila entre 10% e 12% nas pesquisas.
O caminho vislumbrado para chegar até as mulheres pobres passa pelas igrejas evangélicas. Marina se converteu em 2004 à Assembleia de Deus. A agenda deve incluir muitas visitas a templos da própria Assembleia e de outras denominações. Outro caminho para chegar até o eleitorado é a presença em programas de rádios populares.