Título: É a Dilma?
Autor: Freire, Flávio; Suwwan, Leila; Roxo; Sérgio
Fonte: O Globo, 08/07/2010, O País, p. 4
Marina vai a feira de calçados e é confundida por eleitores
SÃO PAULO. A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, teve dificuldades em ser reconhecida por eleitores e chegou a ser confundida com sua adversária do PT, Dilma Rousseff, ao visitar ontem a Feira Internacional de Moda em Calçados e Acessórios (Francal), em São Paulo. Foi a primeira atividade, após o início oficial da campanha, em que ele foi a um local repleto de eleitores. Na véspera, visitara a casa de uma família, onde foi criado um comitê domiciliar.
- É a Dilma? - perguntou a recepcionista Karina Miranda, de 30 anos, para uma colega ao ver Marina entrar, no fim da manhã, no estande em que trabalha.
Dentro do estande, a visitante da feira Edriane Farley, de 23 anos, tentava descobrir, perguntando para os seus acompanhantes, quem era a mulher que caminhava cercada por dezenas de fotógrafos, repórteres e assessores.
- Não conheço porque não gosto de política - justificou.
Marina, que tem 10% das intenções de voto segundo as últimas pesquisas, também foi reconhecida por pessoas que prometeram ajudar a elegê-la. Ela circulou por uma hora e 25 minutos pela feira da indústria calçadista e fez confidências sobre seu guarda-roupa. Ao responder a perguntas de repórteres que cobrem o setor sobre a sua relação com o mundo dos calçados, afirmou ser dona de só cinco pares de sapatos. Garantiu que, naquele momento, calçava um produto feito no Brasil e definiu o seu estilo como "básico casual". Ela ganhou de presente de expositores um broche de artesanato, uma flor para a o cabelo e um tênis nas cores verde e amarelo.
Numa entrevista em um estúdio montado na feira por uma rádio, mostrou falta de familiaridade com o mundo do futebol ao comentar a eliminação do Brasil da Copa.
- A gente não queria que aqueles cenouras tivessem nos mandado para casa mais cedo. Até achei que a gente ia fazer um suco daqueles cenouras, mas nós é que viramos sucos, infelizmente - disse, referindo-se ao jogo em que o Brasil foi eliminado pela Holanda, conhecida no futebol como "laranja mecânica".
Na mesma entrevista para a rádio, a candidata do PV evocou o ex-presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961) para explicar porque estava vestida de verde e amarelo:
- É homenagem à indústria brasileira. Que a gente tenha em mente que um homem resolveu fazer uma verdadeira revolução na indústria do Brasil, que foi Juscelino Kubitschek. O que estamos vivendo aqui e celebrando é fruto de alguém que teve visão estratégica do Brasil.