Título: Participação de estatais cresceu 34,4%
Autor: Martha Beck e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 14/07/2010, Economia, p. 22
Professor de economia da USP considera esse aumento um atraso
BRASÍLIA. A participação das estatais na economia brasileira cresceu no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revela estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Lula iniciou o segundo mandato com as empresas públicas abocanhando uma fatia de 34,4% do patrimônio líquido dos 350 maiores grupos econômicos do país. No primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, as estatais representavam 51,4%. Com as privatizações, o índice caiu para 31,8%.
O grupo formado pelas empresas mais importantes do país, que foi a base de comparação do estudo, produz o equivalente a 40% do Produto Interno Bruto (PIB). A pesquisa mostra também que a participação do faturamento das estatais no conjunto das 350 empresas também subiu na comparação entre os dois governos: saiu de 22,5%, no fim do período FH, para 25,4% no início do segundo mandato do governo Lula.
A pesquisa faz parte da tese de doutorado de Eduardo Pinto, com o título "Governo Lula e bloco no poder", e que será defendida no Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em agosto.
- Há uma tendência de aumento da participação das estatais - disse o pesquisador.
Segundo ele, parte desse aumento está relacionado à Petrobras. Além de ter criado subsidiárias, influenciou no resultado da estatal o aumento do preço internacional do petróleo.
A mesma observação é feita pelo professor do Departamento de Economia da UFRJ Reinaldo Gonçalves. Para ele, o que deve ser levado em consideração não é o fato de o governo do PT ter aumentado o número de estatais, mas a ingerência política nessas empresas:
- É grave a forma pela qual o governo usa essas empresas para atingir objetivos políticos. O aparelhamento crescente das estatais é muito ruim para o Brasil.
Para o professor do Departamento de Economia da Universidade de São Paulo Fábio Kanczuk, o avanço das estatais é um retrocesso, porque representa um maior peso para o Estado e para a sociedade.
- É um atraso para o país - criticou.