Título: Igreja anucia libertação de mais 12 cubanos
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Fonte: O Globo, 11/07/2010, O Mundo, p. 34

Acordo mediado com governo Raúl Castro permite embarque de 17 presos políticos para a Espanha esta semana

EM HAVANA, as Damas de Branco fazem sua marcha semanal pela libertação de todos os dissidentes: regime cubano ¿tem seu próprio ritmo para a transição, sem urgências¿

HAVANA. Em mais uma etapa do acordo mediado pela Igreja Católica junto ao governo de Raúl Castro, a Arquidiocese de Havana anunciou ontem que Cuba autorizou a libertação de outros 12 presos políticos ¿ aumentando para 17 o número de dissidentes que devem ser enviados à Espanha ainda nesta semana. Diante de complicadas negociações que visam a libertação de um total de 52 pessoas até outubro, a arquidiocese enviou ontem dois comunicados oficiais. Pela manhã, foi confirmada a soltura de Arturo Pérez de Alejo, Jorge González, Manuel Ubals, Alfredo Pulido, Blas Reyes, Ricardo Enrique Silva e José Izquierdo.

À tarde, em outro comunicado, a Igreja surpreendeu ao confirmar ainda a inclusão de Normando Hernández, Julio César Gálvez, Omar Ruiz, Mijail Bárzaga e Ricardo González na lista de libertação. No grupo, estão dissidentes presos e condenados em 2003 sob acusação de receber dinheiro e orientação dos Estados Unidos.

Parentes comemoram traslado para a capital

Alguns familiares que vivem em províncias longe de Havana foram informados por autoridades de que os detidos já estavam a caminho da capital. Os parentes também receberam instruções arrumarem as malas e ficarem prontos.

¿ Os oficiais me telefonaram e mandaram que eu ficasse pronta até hoje (ontem) porque passariam para me buscar a qualquer momento ¿ contou Barbara Rojo, moradora da província de Villa Clara, a 300 quilômetros de Havana, e esposa de Omar Ruiz.

Moralinda Paneque, mãe de José Luis García Paneque, que mora na província de Las Tunas, comemorou:

¿ Estamos esperando que um carro do governo venha nos buscar. Soube que meu filho já está a caminho de Havana em outro carro.

A libertação desses 52 detentos é o resultado mais concreto da inédita aproximação iniciada em abril entre o governo comunista e a Arquidiocese de Havana ¿ quando esta pediu o fim à perseguição contra as Damas de Branco, grupo de mulheres e mães de presos políticos.

Ontem, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que considera o anúncio da libertação dos presos em Cuba ¿um passo importante, alcançado graças também ao papel¿ da Igreja cubana.

¿ O mundo olha com esperança a novidade que vem de Cuba ¿ afirmou Lombardi.