Título: Economia parou de crescer em maio
Autor: Patrícia Duarte, Martha Beck
Fonte: O Globo, 15/07/2010, Economia, p. 24

Índice do BC aponta estabilidade. Para Mantega, há "aquecimento salutar"

BRASÍLIA. A economia brasileira ficou estagnada em maio, mostrou o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) divulgado ontem e que busca sinalizar o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país). Naquele mês, comparado com abril, o indicador ficou estável em 139,55, já descontados efeitos sazonais. Em abril, a economia já dava sinais de crescimento menos robusto, com expansão de 0,27%, bem menos do que a variação de 1,17% visto de fevereiro para março no IBC-Br.

Sem entrar em detalhes, o presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o IBC-Br será levado em consideração nas projeções feitas pela autoridade monetária para decidir o rumo da taxa básica de juros Selic. Hoje, os juros básicos estão em 10,25% ao ano e na próxima semana deverão ser elevados para 11% na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), segundo preveem analistas.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que a economia brasileira deve crescer entre 6,5% e 7% em 2010.

- Somente a China terá um crescimento maior do que o nosso. Será o maior PIB dos últimos 24 anos. Já o PIB per capita será o maior dos últimos 30 anos - disse o ministro, acrescentando que prevê uma pequena desaceleração no terceiro trimestre.

Mantega disse que a inflação é uma preocupação permanente, mas garantiu que não há superaquecimento da economia.

- Há apenas um aquecimento salutar. Devemos encerrar o ano com uma inflação dentro das metas - afirmou.

Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar que o Brasil será a quinta economia do mundo nos próximos seis ou sete anos. Ao participar de um encontro nacional de superintendentes da Caixa Econômica Federal, ele reafirmou que o país foi um dos primeiros a sair da crise econômica mundial, graças a medidas para estimular a atividade econômica, como o aumento do crédito pelos bancos públicos. O presidente aproveitou para alfinetar a oposição:

- Os números da Caixa são até chocantes. Eu nem queria que ninguém no outro governo visse. Nessas alturas do campeonato, dá até vergonha mostrar. É melhor que eles divulguem os deles e nós os nossos.

Lula quer "flexibilizar o coração dos franceses"

Mais cedo, ao participar da 4ª Cúpula Brasil-União Europeia, ao lado do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, Lula prometeu se empenhar para convencer o presidente Nicolás Sarkozy a "flexibilizar o coração dos franceses" e assinar o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul. O acordo vem sendo negociado desde 1999 e não se concretiza por causa da resistência dos agricultores franceses e de empresários sul-americanos.