Título: Oposição quer informações da Fazenda
Autor: Bottari, Elenice; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 16/07/2010, O País, p. 14
Para tucanos, quebra de sigilo de Eduardo Jorge serviu à campanha de Dilma
A oposição protocolou requerimento na Câmara dos Deputados pedindo informações ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a quebra de sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge. Segundo a oposição, a violação de sigilo teria sido feita a serviço do "grupo de inteligência" da campanha de Dilma Rousseff.
O requerimento foi protocolado pelo líder da minoria na Câmara, Gustavo Fruet (PSDB-PR), e pelo deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP). Os dois querem que Mantega forneça informações sobre os procedimentos da Receita, como datas e horários de todos os acessos aos dados fiscais de Eduardo Jorge desde 2005. Os tucanos solicitam ainda os nomes e matrículas dos servidores que fizeram os acessos e os nomes de seus superiores hierárquicos, bem como se há vinculação deles com sindicatos ou partidos políticos.
Anteontem, em depoimento à Comissão de Constituição e Justiça do Senado, o secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, admitiu que o órgão está fazendo uma investigação interna e que já foram identificados pelo menos cinco servidores que acessaram os dados.
Um dia após essa confirmação, pelo secretário da Receita, de que os dados do sigilo fiscal de Eduardo Jorge foram realmente acessados por funcionários do órgão, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), afirmou ao GLOBO que o PT tem "uma máquina de dossiês" e prevê que "novas coisas podem aparecer".
- Não é a primeira vez que esse tipo de coisa acontece na Receita com relação ao PSDB. Quando assumi o comando do partido, visitei o então secretário da Receita, (Jorge) Rachid, que iniciava uma investigação sobre o mensalão produzido pelo PT. Mas, em vez de investigar as contas do PT, a Receita terminou investigando 11 partidos. Para encobrir o PT, é óbvio, já que ele era o sócio majoritário e acionista principal do mensalão. Algum tempo depois, vazaram vergonhosamente dados contra o PSDB - lembrou Guerra.
Para Guerra, a reincidência de vazamentos contra o partido não surpreende:
- O caso do Eduardo Jorge está no contexto de uma máquina de dossiês, que não está longe do PT. E acreditamos que coisas novas vão aparecer - previu o senador, sem dar detalhes sobre que tipo de informações poderá surgir.