Título: País tenta um tiro certeiro no tráfico
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 25/06/2009, Brasil, p. 16

Para conter avanço do crime organizado, Exército será convocado a ajudar a PF na patrulha da fronteira com Bolívia e Peru, região que o governo considera preocupante. Soldado do Exército, durante treinamento na Selva Amazônica, na região do Amapá: necessidade de apoio logístico para impedir a entrada de drogas no país

O Exército vai ser a alternativa do governo para tentar diminuir o tráfico na fronteira, principalmente com Bolívia e Peru, onde foi registrado um aumento na produção de cocaína. Os militares vão fazer fiscalizações conjuntas com a Polícia Federal em áreas consideradas estratégicas. O trabalho, que hoje se restringe ao apoio logístico, será mais amplo e incluirá operações de inteligência. Além disso, a PF quer recompor seu serviço de aviação para enviar mais helicópteros para a região. O anúncio das medidas deverá ser feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos dias, durante o lançamento de um pacote de ações de combate e prevenção às drogas. Ontem, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório confirmando o aumento do uso de cocaína na América do Sul.

Segundo a Polícia Federal, o avanço do tráfico de drogas já era esperado desde 2007. ¿O crescimento era previsível¿, diz o diretor de Combate ao Crime Organizado da PF, Roberto Troncon Filho. Porém, pouca coisa foi feita nos últimos dois anos, como mostrou o Correio na edição de ontem. O deslocamento dos laboratórios de refino de cocaína para regiões próximas à fronteira brasileira ajudou no avanço do tráfico, o que fez elevar as apreensões no Brasil. ¿Estamos fazendo composições com outras instituições, como a Polícia Rodoviária Federal e as secretarias de segurança pública dos estados, para trabalharmos em conjunto¿, destaca Troncon.

O diretor da PF informou que, além das operações conjuntas, a Polícia Federal vai desenvolver ações que estão relacionadas ao Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci) em toda a fronteira brasileira ¿ entre elas, a instalação de novas bases fluviais na Amazônia. ¿Atualmente, temos apoio da Marinha em patrulhamentos, mas teremos bases próprias¿, ressalta Troncon. O Centro de Comunicação Social do Exército (Cecomsex) não confirmou a parceria com a PF, mas afirmou que a Força presta apoio logístico sempre que solicitada.

Segundo o Escritório da ONU Contra Drogas e Crimes no Brasil (UNODC), o consumo de cocaína diminuiu na maioria dos países em desenvolvimento, mas cresceu na América do Sul, onde houve ainda um avanço nas produções do Peru e da Bolívia. ¿No mundo, há uma estabilidade no comércio de drogas como a cocaína¿, disse o chefe do escritório, Bo Mathaiasen. O secretário Nacional Antidrogas, general Paulo Roberto Uchôa, ressaltou que o governo está tranquilo: ¿No que se refere a nós, temos tomado todas as providências¿, disse Uchôa.