Título: Antes de ir para os EUA, um twittaço
Autor: Barbosa, Adauri Antunes; Roxo, Sergio
Fonte: O Globo, 21/07/2010, O País, p. 13

Marina dirá a investidores em Nova York que, se eleita, não mudará a política econômica

SÃO PAULO. A candidata do PV à Presidência, senadora Marina Silva (AC), promoveu ontem o primeiro "twittaço", iniciativa inédita em campanhas eleitorais no Brasil, envolvendo o Twitter, rede social que tem conquistado muitos adeptos. Definido pela própria campanha como uma versão cibernética do panelaço, o "twittaço" mobilizou simpatizantes e seguidores de Marina para que a candidata verde chegasse aos cem mil seguidores no microblog. Às 20h de ontem, ela tinha 100.870 seguidores e era citada em 4.296 listas de indicações.

- A militância digital está fazendo uma diferença muito grande no mundo real da política, que se mobiliza não só como projeto de poder pelo poder, mas porque as pessoas acreditam, estão investidas no desejo de que o Brasil possa se desenvolver - disse ela, após ver numa lan house, na Rua Augusta, sua campanha no Twitter.

No "twittaço", seguidores escreveram milhares de twittes com a expressão "eu voto Marina" para fazer com que o nome dela figurasse no "Trending topics (TT)", a lista dos assuntos mais citados no Twitter, e fizeram contatos com amigos nas redes sociais, pedindo que seguissem a candidata. O objetivo foi conseguido. Às 20h, Marina estava no sexto lugar do TT. O "twittaço" foi organizado a partir da comunidade Marina Silva no Orkut.

Ao sair da lan house, a candidata caminhou por cerca de 500 metros até o Conjunto Nacional, na esquina da Augusta com a Avenida Paulista. À noite, viajou para Nova York, onde se reúne hoje e amanhã com investidores e empresários. Ela disse que vai garantir aos investidores americanos que não mudará nada na economia brasileira caso seja eleita, mas não quis adiantar detalhes.

Num de seus twittes, Marina provocou o presidente Lula e a candidata do governo, Dilma Rousseff: "É Lula apoiando Collor? É Collor apoiando Dilma? Isso é mesmo verdade? Jura que não é intriga?". E comentou:

- Fiz uma brincadeira perguntando. Interroguei quatro vezes.

Em entrevista gravada na semana passada e transmitida ontem pela Rádio Solar, de Juiz de Fora (MG), ao responder sobre a reforma tributária, ela acusou os partidos dos principais adversários, PT e PSDB, de passarem ao eleitor, na campanha, a impressão de que fazer as grandes reformas do país é fácil.

- O governo Fernando Henrique ficou os primeiros quatro anos e não fez as reformas. Pediu um tempo para uma segunda chance. Ficou mais quatro anos e não fez. O governo Lula não fez nos primeiro quatro anos, não fez nos segundos (sic) quatro anos. Agora, ambos pedem mais quatro anos para fazer aquilo que não fizeram em 16.

Para a candidata, as reformas da previdência, tributária e política "começam agora na eleição com a escolha dos deputados e senadores".

- Se a população votar naqueles que não têm compromisso com essa agenda de mudança, vai ficar cada vez mais difícil fazer as reformas.

Marina acrescentou ser favorável a uma assembléia constituinte específica para tratar das reformas.