Título: Pediatras falham quando medem a pressão em seus pacientes
Autor: Marinho, Antônio
Fonte: O Globo, 25/07/2010, Ciência, p. 45

Estudo mostra que a avaliação é mal feita na maioria dos casos

BALTIMORE. O estudo de centenas de prontuários em pediatria mostra que as equipes de saúde falham uma em cada cinco vezes ao medir a pressão arterial de crianças e adolescentes, e não reconhecem o que é uma leitura anormal. É o que aponta pesquisa realizada no Centro Infantil da Johns Hopkins e o resultado disso é o não acompanhamento de hipertensos na infância, erro que pode ter sérias consequências para a saúde. Os dados foram publicados na revista ¿Pediatrics¿.

A Academia Americana de Pediatria recomenda verificações regulares da pressão arterial em crianças a partir de 3 anos, e valores altos em três consultas consecutivas indicam hipertensão. Mesmo um único episódio de pressão alta pode ser um sinal da doença.

O problema é que a medição de pressão arterial de uma criança é muito mais complicada do que a de adultos, e exige a interpretação de cada medida individualmente em relação a uma tabela de referência para idade, sexo e altura, explica a nefrologista Tammy Brady.

Na pesquisa, os autores revisaram 2.500 registros de visitas a pediatras. A equipe médica não verificou a pressão arterial em 500 casos, e a pressão arterial alta foi anotada em 726 casos de 2 mil pacientes. Mas as implicações disso não foram levadas em conta ou passaram despercebidas em 87%.

Os pediatras foram mais propensos a falhar em crianças com peso normal e sem história familiar de doença cardiovascular. O mesmo ocorreu quando a pressão marcou 12 por 8, valor bom em adultos, mas que pode significar problema numa criança, dependendo da altura, do sexo e da idade.

Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, o mal atinge 25% dos brasileiros, e mais de metade de homens e mulheres após os 60 anos. Estima-se que 5% das crianças e adolescentes no Brasil sofrem do mal, responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal grave.