Título: Amorim lamenta a decisão europeia
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Fonte: O Globo, 27/07/2010, O Mundo, p. 29

Chanceler diz que iranianos têm sido pacientes, apesar das sanções Especial para O GLOBO

JERUSALÉM E RAMALLAH, Cisjordânia. Foi com essas palavras, É uma pena, que o chanceler brasileiro, Celso Amorim, reagiu às novas sanções contra o Irã adotadas pela União Europeia (UE).

Em visita a Israel e aos territórios palestinos, o ministro afirmou acreditar que Teerã vai reagir com flexibilidade à decisão dos 27 países do bloco, sem enrijecer sua posição diante da comunidade internacional.

Espero que o Irã reaja com flexibilidade e continue mantendo sua disposição a negociar afirmou o ministro. Nós desejamos que haja continuidade do processo negociador.

Aliás, foi o que eu senti deles nas conversas que tivemos em Istambul continuou Amorim, que no domingo teve um encontro com os colegas Manuchehr Mottaki (iraniano) e o turco Ahmet Davutoglu.

Segundo Amorim, os iranianos têm demonstrado paciência apesar da enxurrada de sanções a que vêm sendo submetidos.

Tanto que afirmaram, em carta enviada ontem à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que estão dispostos a negociar imediatamente.

Ministro diz que Brasil não vai pedir para ajudar O ministro também informou que Brasília continuará disposta a mediar negociações diplomáticas com o governo iraniano a exemplo da Declaração de Teerã, firmada em maio entre Brasil, Turquia e Irã para enriquecimento de urânio iraniano em solo turco. Mas assinalou que não vai pressionar ninguém a aceitar a intervenção brasileira.

Se os outros países acharem que a nossa ajuda é útil, nós estamos dispostos a ajudar.

Mas não vamos também ficar pedindo para ajudar.

Celso Amorim também assinalou que o Brasil não gosta de sanções, principalmente quando elas são impostas unilateralmente.

Não achamos que sanções resolvam nada em geral.

Pode haver casos extremos em que isso seja necessário, mas não acreditamos que esse seja o caso, porque existe um caminho pacífico que, aliás, nós ajudamos a negociar.

Se o governo israelense elogiou as sanções anunciadas pela UE, a liderança palestina reagiu com menos entusiasmo. Foi o caso do ex-representante palestina na ONU, Nasser alKidwa, que conversou longamente com o chanceler brasileiro.

Al-Kidwa, uma das figuras mais emblemáticas do Fatah, o partido do presidente palestino Mahmoud Abbas, e sobrinho de Yasser Arafat, afirmou que focar apenas no Irã é um erro, já que o mundo estaria esquecendo do arsenal nuclear de Israel.