Título: PF prende 21 pessoas em ação contra pedofilia
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 28/07/2010, O País, p. 14

Entre os presos, que trocavam fotos e vídeos pela internet, seis são acusados de estupro; um é coronel da PM

BRASÍLIA. Na maior operação de combate à pedofilia na internet, a Polícia Federal prendeu ontem, em flagrante, 21 pessoas acusadas de compartilhar fotos e vídeos com cenas de abuso sexual infantil.

Entre os presos, seis são acusados também de estuprar crianças e adolescentes. A lista de presos da Operação Tapete Persa tem até um coronel de polícia militar, mas o estado do policial não foi informado.

A brutalidade de algumas das imagens deixaram chocados os policiais. Um dos filmes mostra até um bebê sendo estuprado por um adulto.

Com o passar do tempo, pessoas estão sendo mais violentas contra as crianças. A gente viu uso até de equipamentos sadomasoquistas. A impressão que a gente tem é que a humanidade está se degradando ainda mais disse o delegado Stênio Santos Souza, coordenador da operação.

Um contingente de 400 policiais foi mobilizado para apreender computadores, vídeos e fotos com imagens de abuso sexual de crianças em 54 cidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Alagoas, Goiás, Espírito Santo, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Ceará.

Na busca pelo material, a polícia prendeu em flagrante 13 pessoas em SP, duas no Paraná, duas no DF e mais quatro no Rio. Entre os detidos, estão um menor e várias pessoas com mais de 60 anos.

Operação na Alemanha gerou investigação no Brasil Esta foi a operação de combate à pedofilia com o maior número de presos no país. Até então, as duas maiores operações contra abusos sexuais de criança na internet eram a Turco, com 11 presos, e a Carrossel, com 5 presos. Para o delegado Marcelo Bórsio, que esteve à frente das investigações, a tendência é aumentar o número de presos nas próximas operações. Segundo ele, mudanças introduzidas no Estatuto da Criança e do Adolescente no fim de 2008 tornaram mais fácil a atuação da polícia na repressão à pedofilia.

O artigo 241A do estatuto classifica como crime o simples armazenamento de imagens de abusos sexuais de criança. Até então, uma pessoa só poderia ser acusada de pedofilia se fosse flagrada recebendo ou distribuindo sistematicamente fotos ou vídeos com cenas de violência sexual contra crianças e adolescentes.

A alteração na lei permitiu a prisão em flagrante dos acusados, mesmo os não estavam em frente ao computador quando a polícia chegou.

Vai aumentar o número de prisões de agora em diante.

A lei está mais rigorosa adverte Bórsio.

As investigações da PF começaram a partir de um alerta da polícia alemã no final do ano passado. Na operação Perserttepich & Collection, policiais alemães identificaram na internet extensa rede de troca de vídeos e fotos com pornografia infantil.

Alguns integrantes da rede, que compartilhavam o material a partir de um programa específico de computador, moravam no Brasil. A partir dessas informações, policiais brasileiros saíram a campo para descobrir nomes e endereços dos suspeitos.

Depois de alguns meses de investigações, a polícia montou ficha com informações sobre hábitos dos pedófilos no uso de computadores e até quando estão longe dos equipamentos.

Durante a apuração, os policiais descobriram que alguns acusados não se satisfaziam apenas em receber ou repassar images. Pelo menos seis, entre os 21 presos, são acusados de estuprar menores de idade.

A operação foi batizada de Tapete Persa numa alusão à cena de um dos filmes em que uma criança de seis anos de idade sofre abuso sexual. A cena tinha como pano de fundo um tapete persa.

O nome também indica a origem das investigações, a operação Perserttepich que, em alemão, significa tapete persa. As ordens de busca e de prisão foram expedidas pela 12ada Justiça Federal do Distrito Federal.

Pelas informações da polícia, a pedofilia pode ser punida com até 15 anos de prisão. Nos casos em que se comprovar estupro, a punição pode ser ainda mais rigorosa.