Título: Caixa: saneamento só leva metade do orçamento do FGTS
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 30/07/2010, Economia, p. 27

BRASÍLIA e RIO. Às voltas com o polêmico empréstimo de R$ 2 bilhões para a Petrobras, a Caixa Econômica Federal, principal agente operador do FGTS, contratou em 2009 apenas a metade do orçamento destinado pelo fundo à área de saneamento. Dos R$ 4,6 bilhões previstos, foram realizados apenas R$ 2,387 bilhões, segundo balanço do Fundo.

O valor traz queda frente às contratações do ano anterior, de R$ 3,162 bilhões.

Em nota, a assessoria de imprensa do banco dá a entender que as contratações caíram porque a demanda enfraqueceu: A oferta de crédito está diretamente vinculada à demanda das empresas do setor. Se houver demanda, haverá empréstimo, respeitando a regulamentação em vigor. Nos bastidores, a explicação do banco para a queda nas contratações do FGTS para saneamento é a falta de projetos. Para fontes, o banco não tem feito seleção e contrata com base em protocolos de intenção. Especialistas advertem que o problema é o desembolso, realizado à medida que a obra é executada.

Muitas vezes, após contratar, a Caixa descobre que não existe projeto executivo e/ou documentação pendente.

Sobre os recursos à Petrobras, a Caixa não informou a taxa de juros, nem prazo de pagamento. Ao GLOBO, a instituição se limitou a responder: A Petrobras é a maior empresa da América Latina, com rating duplo A, e interessa a qualquer banco tê-la na carteira de clientes.

Ao atender à Petrobras, a Caixa deixa de financiar setores que trariam avanços sociais ao país, disse Roberto Padovani, do WestLB do Brasil. O déficit habitacional é de 5,8 milhões de moradias. E, em 2008, apenas 52,48% dos lares tinham esgoto. Para Osmar Camilo, da Socopa, o setor privado poderia atender à Petrobras, mas questões políticas e de financiamento devem ter pesado. (Geralda Doca e Fabiana Ribeiro)