Título: BC dá sinais de parada na alta de juros
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 30/07/2010, Economia, p. 27

Ata do Copom indica que cenários externo e interno mudaram, e inflação está controlada

BRASÍLIA. O Banco Central (BC) deixou claro que o ciclo de aumentos de juros iniciado em abril passado e que já elevou a Selic de 8,75% para os atuais 10,75% ao ano pode ter até terminado.

Outro sinal é que, para o BC, o cenário econômico, sobretudo o internacional, mudou bastante em um mês. Essas são as principais avaliações dos especialistas, ao lerem a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, e que corroboraram as avaliações de um aperto monetário menor ao esperado: de modo geral, as expectativas são que, no máximo, a Selic passará a 11,25% ao ano neste ano, nas contas mais pessimistas.

A ata mostrou que o BC está bem mais tranquilo em relação à inflação. É uma mudança bem nítida quando a gente compara com a ata anterior e o Relatório Trimestral de Inflação (divulgados em junho) diz o economista sênior do BES Investimento, Flávio Serrano.

Para ele, o Copom deverá fazer apenas mais uma alta no seu próximo encontro, no início de setembro, de 0,25 ponto percentual. Mas ele não descarta até a manutenção dos juros básicos, caso o cenário para a inflação continue bom.

Na semana passada, o Copom elevou a Selic em meio ponto percentual, pegando de surpresa a maioria dos economistas, que apostava numa puxada maior, de 0,75 ponto. Houve críticas pela maneira inadequada pela qual a autoridade monetária conduziu as expectativas.

Na ata, o BC faz uma avaliação mais positiva, sob o foco inflacionário, da atividade econômica, que já está se acomodando e encontrando seu ponto de equilíbrio. O documento diz que há sinais de que a economia tem se deslocado para uma trajetória mais condizente com o equilíbrio de longo prazo, onde os efeitos desses desenvolvimentos sobre o balanço de riscos para inflação tendem a arrefecer. O BC argumenta ainda que o comércio está se acomodando.

A estimativa é que o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) terá expansão de 7,3% neste ano. E, pela primeira vez, o BC fez projeções de inflação para 24 meses. Neste caso, para 2012 e no cenário de mercado (com base nas expectativas levantadas no mercado) o BC informou que suas contas estão abaixo do centro da meta, de 4,5% pelo IPCA, que vale também para 2010 e 2011.

Para o próximo ano, principal alvo do Copom para o controle da inflação, a autoridade monetária mostrou que suas projeções foram reduzidas e, no cenário de mercado, encontra-se ao redor do centro da meta. (Patrícia Duarte)