Título: Câmara e Senado às moscas, após o recesso
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 03/08/2010, O País, p. 10

Só 13 parlamentares apareceram

BRASÍLIA. Após duas semanas de recesso, o Congresso faz esforço concentrado esta semana. Mas no primeiro dia de trabalho, a Câmara não conseguiu quórum sequer para abrir a sessão de debates - 51 deputados. Apenas cinco dos 513 deputados estavam ontem na Casa, às 14h30m, quando deveria ter o quórum mínimo. Nem o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff, estava. No Senado, foi aberta a sessão de debates com poucos presentes.

A partir de hoje, Câmara e o Senado tentam fazer valer o esforço concentrado. Na prática, até outubro, os parlamentares terão votações marcadas em apenas seis dias - nesta semana e em outra no início de setembro --, mas receberão os vencimentos mensais de R$16,5 mil e todos os benefícios e vantagens do mandato. Após as sessões previstas para 31 de agosto e 1ª e 2 de setembro, eles entram em recesso branco até as eleições.

Temer convocou votações para hoje, amanhã e quinta-feira, e os ausentes terão as faltas descontadas. Pelo acordo fechado antes do recesso, a intenção é votar três medidas provisórias que trancam a pauta: a 487, que trata da capitalização do BNDES e de empréstimos a municípios, mesmo àqueles que não tenham cumprido metas de ajuste fiscal; e as 488 e 489, tratando das regras e obras para as Olimpíadas de 2016.

Os mais realistas creem que a primeira semana de esforço concentrado já será uma vitória se forem votadas as três MPs. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), admitiu que o quórum só deverá ser alcançado, com segurança, na sessão de amanhã. Além do vencimento, o deputado recebe o "cotão" (incluiu passagens e outras verbas), de R$23 mil a R$34,2 mil.

Já o Senado abriu ontem a sessão de debates com oito dos 81 parlamentares. O presidente José Sarney (PMDB-AP) não estava na Casa. Hoje, ele deve reunir os líderes partidários para tentar fechar a pauta de votações.

Da tribuna para um plenário quase vazio, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) rebateu acusação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que durante o seu mandato foi ofendido pelo Senado. Em comício sábado, em Curitiba, Lula disse que pedia a Deus que "a companheira (Dilma) não tenha o Senado que eu tive, um Senado que ofenda o governo, como fui ofendido".

- Poderia dizer, sem ironizar, que o Senado pecou gravemente em agosto de 2005, quando deixou de avaliar a hipótese de instaurar processo de impeachment do presidente da República, diante do escândalo monumental do mensalão, que indignou o povo brasileiro - rebateu.