Título: Correios poderão ter frota própria de aviões para entregar encomendas
Autor: Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 03/08/2010, Economia, p. 20

Compra direta de aeronave é alternativa em estudo para evitar atrasos

BRASÍLIA. Os Correios poderão comprar aviões de forma direta para fazer suas entregas de encomendas e correspondências. Esta foi uma das possibilidades apontadas pelo novo presidente da empresa, David José de Matos, empossado ontem. O objetivo é evitar novos problemas com o setor, como os que ocorreram em fevereiro, quando as aeronaves contratadas pela Rede Postal Noturna (RPN) atrasaram as entregas de Sedex, um dos produtos mais importantes e rentáveis da estatal. Esta, segundo ele, seria uma solução de curto prazo.

- Quando se faz estudo econômico, se levantam todas as alternativas possíveis e esta é uma alternativa possível - afirmou o presidente dos Correios.

Também foram empossados ontem os novos diretores de Operações, Eduardo Artur Rodrigues Silva, e de Gestão de Pessoas, Nelson Luis de Freitas. Entre os presentes à cerimônia de posse estava o deputado federal Tadeu Filippelli (PMDB-DF), candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo petista Agnelo Queiroz ao governo do Distrito Federal. Ele vem sendo apontado como padrinho político de David José de Matos.

A outra possibilidade para resolver a questão do transporte aéreo é a criação de uma subsidiária, proposta que exigiria a edição de uma medida provisória pelo presidente da República. A alternativa foi estudada pela equipe do ex-presidente dos Correios Carlos Henrique Custódio, demitido na semana passada. Ele destacou em seu discurso de despedida que o "modelo transforma uma empresa de entrega de correspondência em uma empresa de logística".

Subsidiária não deve ser aprovada no governo Lula

O ministro das Comunicações, José Artur Filardi, no entanto, descarta a chance de a subsidiária ser constituída ainda neste governo:

- Prefiro que a proposta da medida provisória seja apresentada para os funcionários, que não têm muita confiança nela. Acham que pode ser uma privatização, que nunca foi cogitada. Ela (uma nova subsidiária) precisa ser mais discutida.

David José de Matos disse ainda que recebeu três recomendações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por intermédio da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra. Entre elas, a realização de concurso público. Segundo ele, para o Natal, quando cresce o movimento da empresa, serão contratados cerca de quatro mil temporários, ao mesmo tempo em que será realizado o concurso.

Outro desafio para resolver é a retomada do processo licitatório das franquias dos Correios. O prazo máximo é 10 de novembro deste ano, estabelecido Supremo Tribunal Federal (STF). A licitação está parada por causa de embargos na Justiça impetrados pelas empresas, e cabe agora aos Correios cassar estas liminares.

A última questão, que David José Matos considera muito importante, é "devolver a auto-estima" aos funcionários. O novo presidente falou ainda da importância de manter a empresa lucrativa e de escolher bem os diretores regionais, deixando, desta forma, aberta a possibilidade de troca dos atuais.